O 1º de Agosto obteve na noite de sexta-feira mais um título mercê da experiência dos seus executantes, grande parte integrante da selecção nacional octo-campeã de África, numa partida da final da taça de Angola em que foi "ajudado" pela ingenuidade do conjunto adversário - Petro de Luanda.
Pontuável para a segunda mão da segunda prova sénior masculina, o encontro terminou em 62-60 a favor do tricolores (Petro de Luanda), porém insuficientes para suplantar os sete pontos que os militares traziam da primeira partida.
Uma partida com momentos altos em que assinalou a estreia de equipas de três árbitros por partida, os cerca de cinco mil espectadores presentes no pavilhão da Cidadela viram antecipar o fim do espectáculo que as duas formações vinham proporcionando por uma falha de estratégia do banco petrolífero.
A 11 segundo do fim, com uma igualdade a 60 pontos, o Petro de Luanda, através de Eduardo Mingas, converteu dois pontos "muito estranhos": apesar de representar uma vantagem no marcador, o cesto apontado por Eduardo Mingas viria a evitar um prolongamento. Cientes disso, os jogadores rubro-negros não reagiram a investida do adversário para o seu reduto, assistindo pacientemente as três tentativas que o jogador do Petro precisou para converter.
Com esta desvantagem no marcador (60-62), curiosamente o 1º de Agosto assegura o triunfo na prova, evitando um prolongamento que poderia ser difícil para si, já que os seus principais jogadores estavam à janela (cinco faltas). O adversário, que fez todo o jogo com o pensamento fixo na diferença de sete pontos, falhou na opção de converter os últimos dois pontos.
Para os petrolíferos seria mais inteligente manter a igualdade, evitando consumir o seu tempo de ataque - como aconteceu quatro vezes durante a partida - e depois nos escassos segundos disponíveis para os militares defender bem e assim forçar o tempo extra.
Uma vez mais ficou patente que a grande diferença entre os dois principais emblemas do basquetebol nacional é a experiência. Alberto de Carvalho "Ginguba" ainda não tem um líder para a sua equipa, além de nesta noite não ter tido o concurso de Francisco Jordão, suspenso por um jogo.
Milton Barros, o base autor de 20 pontos, anotação mais alta da partida, apesar da exibição notável, foi impotente para conduzir a sua formação ao triunfo, pois apenas contou com o apoio do sempre pendular Eduardo Mingas (12 pontos). Estes, aliás, foram os mais utilizados com 41:12 e 44:43 minutos, respectivamente.
Carlos Morais (habitualmente dos melhores marcadores da equipa saiu com apenas quatro pontos), Gerson Monteiro e Victor Carvalho, peças fundamentais no plantel passaram ao lado do jogo. Só por isso, a percentagem de lançamentos de longa distância da sua equipa ficou abaixo dos 30 por cento (em 18 tentativas converteu apenas cinco) destacando-se Milton com três marcados em cinco tentados.
Do lado de Jaime Covilhã - que continua a fazer uma gestão muito inteligente dos seus jogadores na sua estreia como técnico principal - o jogo exterior esteve quase nulo. A ausência de Olímpio Cipriano (lesionado) por lesão e um dia de pouca inspiração neste capítulo produziram dos mais fracos registos da época: quatro lançamentos triplos convertidos em 20 tentativas.
Para ilustrar a falta de inspiração está a espantosa marca de Miguel Lutonda, que tentou nove vezes e só acertou uma nos 43:57 minutos que esteve em campo (jogador mais utilizado da equipa).
Na luta das tabelas registou-se um empate entre Mingas e Abdel Boukar. Ambos conseguiram 16 ressaltos, mas no total o 1º de Agosto venceu por 44-35, mercê da contribuição de 11 ressaltos de Victor Muzadi e provavelmente beneficiando da ausência do ressaltador petrolífero Jordão. O senegalês Ndoye continua com uma produtividade baixa apesar dos 2,14 metros de altura. Em 12:20 minutos em campo capturou apenas dois ressaltos.
Miguel Lutonda e Milton Barros repartiram a liderança das assistências com três cada um. Apesar da sua produtividade, o base do Petro foi o que mais perdeu a bola (seis vezes), superado apenas por Carlos Almeida (8).
O jogo opôs uma equipa ansiosa por superar a desvantagem, mas sem o discernimento necessário a outra que esta habituada a pressão e a momentos de grande emoção, porque compõe o esqueleto da selecção nacional que já conquistou por oito vezes o titulo africano. Mesmo assim, o equilíbrio foi dominante, já que a maior diferença do placar foi de seis pontos e liderança do resultado alterou seis vezes durante a partida.
Para a estreia do novo sistema de arbitragem, a organização (Federação Angolana de Basquetebol) escolheu os mais experientes árbitros internacionais: Domingos Simão, Fernado Pacheco "Baganha" e Carlos Júlio. Ainda assim, alguns erros registaram-se, o que levantou fortes protestos do público.
FICHA:
Petro de Luanda (62) pontos - Eduardo Mingas (12), Luís Costa (4), Carlos Morais (4), Leonel Paulo (2), Milton Barros (20) - cinco inicial - Simão Panzo (-), Edmar Victoriano (5), SHannon Crooks (5), Gerson Monteiro (7), Hélder Ortet, Jorge Tati (3), e Victor Carvalho (-)
Treinador: Alberto de Carvalho "Ginguba"
1º de Agosto (60) pontos - Carlos Almeida (13), Victor Muzadi (10), Abdel Boukar (13), Walter Costa (-), Miguel Lutonda (14) - cinco inicial - João Neto, Armando Costa (5), Joaquim Xavier (-), Vlademiro Ricardino, Ndongo Ndiaye (-), Muamba Ilunga (-), Buila Katiavala.
Trienador: Jaime Covilhã
Marcador em intervalos de cinco minutos:
Petro- 1º de Agosto: 9-6; 15-14; 18-18; 33-29; 36-35; 48-43; 57-50; 62-60