CAIU, domingo, o pano sobre a 23.ª edição do Campeonato Africano de Basquetebol em seniores femininos (Afrobasket), com a Selecção Nacional a conquistar a medalha de prata e consequentemente apurar-se para o Mundial do próximo ano, na Turquia.
Foi a terceira vez que Maputo acolheu a competição, depois de 1986 e 2003, e nas três ocasiões fomos vice-campeões.
A seguir os pontos mais marcantes desta prova continental que conferiu a Moçambique a primeira qualificação para um campeonato do mundo da modalidade.
De A a Z, descreve-se o que mais ficou na retina dos que acompanharam o evoluir das 12 selecções africanas no pavilhão do Maxaquene.
A-ANGOLA: foi a selecção que conquistou o Afrobasket de Maputo, diga-se com muito mérito. As angolanas foram astutas e na primeira fase deram impressão de serem uma equipa fraca que não chegaria a lugar nenhum, ao ponto de enfrentar sérias dificuldades para derrotar a frágil equipa do Quénia, por escassos seis pontos de diferença. Puro engano, pois Angola deixou tudo para a segunda fase que sabia de antemão que seria a mais difícil e complicada. Mas para não comprometer, a equipa da costa atlântica superou no último jogo da primeira fase a poderosa e super-favorita Mali, por uma diferença de um ponto. Na segunda fase, bateu, sucessivamente, Egipto, Senegal e Moçambique (na final). Oito jogos e igual número de vitórias.
B- BASQUETEBOL: foi durante mais de uma semana a modalidade que polarizou atenções no país, em virtude do Afrobasket. Mais do que centrar as atenções foi uma verdadeira festa, com milhões de pessoas de diferentes países africanos e não só, a virarem-se para Maputo. Em todas as conversas de esquina, autocarros ou nos chamados “chapas”, o tema era basquetebol, muito pela boa prestação da Selecção Nacional que por pouco conquistava África.
C -CLARISSE MACHANGUANA: jogadora preponderante, apesar da sua idade avançada, para o sucesso da Selecção Nacional, teve uma das melhores médias de pontos na competição, embora tenha estado algo apagada na final, onde acabou atingindo a quinta falta na ponta final do período regulamentar, não dando, deste modo, o seu contributo no prolongamento.
Clarisse, que foi até aqui a única moçambicana a actuar na WNBA, fez o seu último jogo da carreira de cerca de 20 anos ao mais alto nível. Só temos que a parabenizar por aquilo que fez pelo nosso basquetebol.
D- DEOLINDA NGULELA: capitã, líder e lenda da Selecção Nacional. A base foi eleita melhor organizadora de jogo no Afrobasket, por via disso esteve no melhor “cinco” da competição. Experiente, Deolinda foi uma verdadeira chave para o sucesso da equipa de Nazir Salé.
E - ESPECTÁCULO E EMOÇÕES: realmente espectacular o Afrobasket de Maputo, sobretudo na segunda fase, onde não havia favoritos. Houve muita emoção, lágrimas, raiva, alegria e até suspense. Só para ter uma ideia, Moçambique chegou a perder por três pontos a 24 segundos do final da partida, mas com uma rajada de dois triplos fez explodir o pavilhão. Também chegou a estar em desvantagem (17 pontos) numa das partidas já no quarto período, mas deu volta ao texto. Aliás, a Selecção esteve, por outro lado, a 17 segundos de se sagrar campeã africana, mas o sonho não se concretizou; ou Senegal que venceu os Camarões no último segundo.
F-FIBA-ÁFRICA: É organização internacional que tutela o basquetebol em África. Os seus comissários e técnicos estiveram em peso na capital do país, conseguiram contornar alguns obstáculos que internamente não conseguíamos resolver e a competição acabou sendo uma maravilha.
G-GANHOS: com a organização da 23.ª edição do Afrobasket, Moçambique saiu a ganhar em vários domínios. No contexto desportivo, por um lado, conseguiu a qualificação para o seu primeiro Mundial da história, algo que seria difícil se a competição tivesse decorrido longe de Maputo. Por outro, passámos a ser reconhecidos internacionalmente como exímios na organização de grandes eventos desportivos, para além de que tivemos a oportunidade de expor Moçambique além fronteiras.
H- HOSPEDAGEM: todas as selecções contactadas pelo “Notícias” deram nota positiva à organização pelo hotel escolhido para a acomodação. Para além disso, os participantes falaram de boa alimentação que eram servidos.
I-IMPRENSA: a cobertura jornalística do Afrobasket superou as expectativas. Quase todos os órgãos de informação do país se faziam representar diariamente no pavilhão dos “tricolores”, mas há que salientar a também presença massiva de jornalistas estrangeiros, sobretudo angolanos.
A rádio e televisão públicas nacionais faziam relatos e transmissões directas dos jogos, respectivamente. Os jornais, quer diários, quer semanários reservavam um espaço especial para a competição. O mesmo acontecendo em relação aos angolanos, senegaleses, malianos e nigerianos, que na esperança da conquista do título escalaram Maputo em grande número.
J- JUÍZES: alguns homens do apito tiveram actuações um tanto ou quanto polémicas, prejudicando de algum modo algumas selecções.
K-KANI KOUYATE: é a grande capitã da aguerrida selecção da Costa do Marfim, era uma autêntica bombeira da sua equipa, mas no fim se acabou em sétimo lugar. Kani reclama voos mais altos no seu bonito basquetebol.L-LEIA DONGUE:simplesmente fenomenal, excelente ganhadora de ressaltos e boa finalizadora. Jogadora aguerrida e com boa compleição física, peca por cometer muitas faltas, mas não deixa de ser a mais idolatrada jogadora da Selecção pelo público. Aliás, esta era a única que arrancava aplausos sempre que era lançada ao jogo. Esteve no melhor “cinco” da competição.