Africa Basquetebol

11 outubro 2011

GALA DA FIBA-ÁFRICA - Moçambique destacado na história do básquete

REENCONTRO memorável numa circunstância igualmente memorável. Antigas estrelas continentais da bola-ao-cesto reencontraram-se em Bamako, revisitaram o passado comum de jogadoras e adversárias e, para dourar a singular oportunidade, foram homenageadas pela FIBA-África, por ocasião do seu cinquentenário.
Para as participantes no Afrobásquete Mali-2011, praticamente nenhum nome daquelas veneradas mulheres, hoje entre 40 e 60 anos, lhes diz algo, senão suas mães e até avós, nalguns casos. Mas, para os convidados à gala comemorativa dos 50 anos da FIBA-África – inicialmente designada AFABA, Associação das Federações Africanas de Basquetebol Amador – estar naquele solene e requintado ambiente constituía um momento verdadeiramente inesquecível, tal é também inesquecível a carreira das eleitas para a homenagem.
Aliás, a FIBA-África, fundada no dia 14 de Junho de 1961 por 14 países – hoje são 53 membros –, tudo fez para que os festejos do seu meio século fossem uma sublime oportunidade para relembrar a sua fabulosa história, juntando no mesmo palco intérpretes que ao longo deste percurso ajudaram aquele organismo a fazer a sua história. Foi assim no Afrobásquete Madagáscar-2011, durante o qual foram glorificados os atletas masculinos, e igualmente aconteceu no Mali com os femininos.
E foi nesta categoria que Moçambique mereceu as maiores referências, individual e colectivamente, com particular ênfase para a década 80-90, período em que tanto a nível de clubes como de selecções o nosso país foi uma potência inquestionável, ao lado de colossos como Senegal, RD Congo (ex-Zaire), Costa do Marfim e Angola.
Numa cerimónia em que estiveram presentes altos dignitários do Governo maliano e dos organismos africano e mundial da bola-ao-cesto, Esperança Sambo e Aurélia Manave mereceram rasgados elogios do Secretário-Geral da FIBA-África, o marfinense Alphonse Bile, e uma estrondosa ovação dos presentes, cerca de meio milhar de convidados, quando foram anunciados os seus nomes, no meio de tantos outros nomes sonantes, como é o caso, por exemplo, da “terror” congolesa Linguenga, que fez uma indescritível vénia às nossas representantes.
Aurélia Manave e Esperança Sambo, vice-campeãs africanas em 1986, numa competição realizada no Maputo e ganha pela RD Congo, foram agraciadas com o prémio carreira do cinquentenário da FIBA-África e eleitas para o grupo das 12 melhores da década 80-90, um facto que fez transbordar o seu rosto de alegria, uma vez constituir, conforme foi sublinhado na oportunidade, um momento verdadeiramente único, considerando que a próxima galardoação do género somente acontecerá daqui a 50 anos, por ocasião do centésimo aniversário da instituição.
Esperança e Aurélia, colegas de equipa no Maxaquene, depois de a primeira ter passado pelo Malhangalene (Estrela Vermelha), onde se iniciou, e pelo Costa do Sol, foram as referências de maior relevo na selecção nacional, mercê da sua magnífica forma de jogar.
Como base, não havia no país melhor que Esperança Sambo. Uma faceta, aliás, que se estendia ao continente, onde poucas atletas ombreavam com ela, até pela sua astúcia, rapidez na execução do esférico e lançamentos quase infalíveis.
Perspicaz como uma enguia – as adversárias diziam que não se podia pegar, ela escorregava –, Aurélia Manave era exímia a defender, descarregando toda a sua bravura e combatividade, incansável e verdadeira “trinitá” no tiro, qualidades que fizeram com que o seu nome constasse dos cadastros dourados do basquetebol africano.