Africa Basquetebol

17 agosto 2011

ANGOLA : Valdelicio, Kiala e Michel Gomez impõe uma nova era


Com 2,09 metros, os postes Valdelicio Joaquim e Miguel Kiala, integrantes do combinado angolano na 26ª edição do Campeonato Africano (Afrobasket2011), são os jogadores mais altos da história da selecção nacional de basquetebol sénior masculina.

Nunca antes o "cinco" nacional teve jogadores com tal altura, mas foi bem sucedida. Agora tem dois para a competição que arrancou hoje no Madagáscar. O basquetebol é a modalidade onde factor altura é muito importante, mas Angola, que é das mais baixas do continente, tem sabido contornar esta deficiência.
Prova disso são os títulos que ostenta a nível de África (10) e as presenças regulares nos Mundiais e Jogos Olímpicos, posicionando-se entre as melhores do mundo. Para o efeito, o trabalho físico e técnico tinha que estar bem apurado para sobrepor a desvantagem de estatura.
Neste capítulo, uma vez que Angola sempre teve defice de altura, desenvolveu o jogo exterior, uma especialidade de todas as selecções nacionais, como a principal “arma” para contrariar esta lacuna, além da defesa implementada pelos vários ex-seleccionadores num trabalho de continuidade ano após ano.
No entanto, os resultados sempre foram satisfatórios num autêntico sacrifício dos jogadores angolanos que vão passando pela selecção. Mas para fazer melhor (impor-se mais fora de África), segundo especialistas, era necessário mais altura.
A nacionalização do tchadiano Abdel Bouckar (2, 04 m) foi uma das soluções encontradas, e com ele Angola também foi campeã continental. Além deste, outros "gigantes" do cinco angolano foram Ivo Alfredo (2,04) e Mbuila Katiavala (2,06).
Quando se pedia pelo menos um atleta acima dos 2,05 metros, eis que surgem dois com 2,09 m, conforme a lista oficial da Federação Angolana de Basquetebol (FAB) distribuída à imprensa.
Ainda não é suficiente para comparar com as “torres” adversárias, principalmente europeias, mas é uma grande evolução em termos de média de altura que poderá significar uma nova era para o basquetebol angolano. Aliada à habitual defesa e aos lançamentos exteriores, estar-se-á em presença de uma das melhores selecções nacionais de todos os tempos.
Para o Afrobasket2011 ambos poderão encontrar muitas dificuldades, sendo as suas respectivas estreias em provas neste escalão (já estiveram nos juniores). Mas ainda assim poderão ser "mais-valias". A preparação com jogadores mais experientes como Kikas, Mingas e Ambrósio deverá melhorar as suas performances.
Outro factor importante no desempenho de Valdelício e Kiala é a presença, nos treinos, de Jean Jacques da Conceição, o melhor poste angolano de todos os tempos.
Mesmo estando nas vestes de vice-presidente da federação o antigo jogador conversa regularmente com os atletas - os postes em particular -, de forma a encorajá-los e transmitir-lhes a sua experiência.
Outra inovação no seio dos campeões africanos é a entrada de um técnico que se expressa numa língua diferente. Ao longo da história do basquetebol angolano, nas vitórias e nas derrotas, nunca um seleccionador precisou de tradutor para comunicar com os jogadores.
Além da língua, pela primeira vez a selecção angolana vai disputar um Afrobasket sob comando de um treinador
que não orienta nenhuma agremiação e com poucos conhecimentos da modalidade no país.
De uma forma geral, estas inovações podem significar o início de uma nova era no basquetebol angolano. No entanto, apenas o resultado final do Afrobasket2011 se saberá os seus efeitos reais.

(Por Nelson Pascoal)