Africa Basquetebol

13 setembro 2011

JOGOS AFRICANOS MAPUTO 2011 - O último pio de Matos

NÃO! Não se trata de título de um filme. Trata-se, isso sim, da magnífica jogada de Pio Matos que, esgueirando-se por baixo da tabela, qual uma enguia, arrancou os decisivos dois pontos da vitória (66-65) sobre a Nigéria, na partida mais espectacular realizada pela selecção masculina de básquete nos Jogos Africanos.


Os moçambicanos festejavam. Os nigerianos, incrédulos, tinham os olhos marejados de lágrimas. O público, que compareceu em massa ao pavilhão do Desportivo, juntava-se aos jogadores numa onda de afinidade e euforia, como jamais havia acontecido com a selecção masculina nos últimos tempos. Afinal, tratava-se de uma vitória arrancada com muito brio, crença, determinação e grande sentido de entreajuda, face a uma Nigéria que com os seus gales acabou por vergar.
É verdade que os nigerianos estiveram na mó de cima durante largo período da contenda, mercê da sua melhor estrutura ofensiva, sob o comando de H. Usman – sozinho, marcou 38 pontos – domínio nos ressaltos e a saber tirar proveito da compleição física dos seus integrantes, no entanto, os moçambicanos exploraram melhor a sua componente técnica para colocar em sentido uma das mais fortes selecções do continente.
Com “todo o mundo” a acompanhar os últimos segundos sem conjecturar e nem acreditar no que iria acontecer, a nossa selecção conseguiu uma recuperação extraordinária, saindo de uma desvantagem de 10 pontos para chegar à igualdade e, daí em diante, liderar o marcador, embora fosse por uma diferença mínima. Aliás, oportunidades para dilatar o “score” não faltaram, só que os incríveis falhanços nos lances livres – até por Fernando Manjate -, assim como as incompreensíveis e sucessivas escorregadelas – será das sapatilhas? – iam adiando aquilo que estava perfeitamente ao alcance de Moçambique.
Os nigerianos, pressionados como estavam, baralharam-se. Até a sua figura principal, a partir de uma certa altura desapareceu do jogo, quando o técnico Joseba Garcia, numa estratégia bem pensada, mandou Stélio Nuaila se encarregar da sua marcação. A equipa se espevitou, mas continuava a interrogação quanto ao desfecho. Mercê de dois lançamentos livres, concretizados por C. Ugboaja, a Nigéria passou à dianteira (64-65).
Faltavam 12 segundos. Numa reposição do esférico pela linha divisória, a bola é entregue a Pio Matos, pelo lado direito. Depois de alguns batimentos, eis que, de forma enigmática e mesmo por baixo da tabela, se eleva na “cara” dos gigantes nigerianos e converte. Festa no Desportivo! Mais ainda havia cinco segundos, até porque a Nigéria acreditava num milagre. Porém, debalde. Inequívoca e merecida vitória moçambicana, que transformou o pavilhão dos “alvi-negros” num centro de uma euforia contagiante. Não se tinha ganho o campeonato, é verdade, mas tinha se derrotado a poderosa Nigéria.

Alinharam e marcaram: Fernando Manjate (18), Samora Mucavele (4), David Canivete (0), Sílvio Letela (3), Augusto Matos (0), Amarildo Matos (6), Stélio Nuaila (2), Custódio Muchate (7), Octávio Magoliço (15), Armando Baptista (2) e Sérgio Macuácua (0).