Africa Basquetebol

12 setembro 2011

JOGOS AFRICANOS DE MAPUTO 2011 - Cruel desenlace das guerreiras do Índico

AS enchentes no básquete feminino terminaram num verdadeiro pesadelo. O público acreditou até ao derradeiro segundo na possibilidade do ouro. As jogadoras lutaram até à última gota de sangue, mas acabou sendo um cruel desenlace das guerreiras do Índico, pois, no fim, sairam sem sequer uma medalha para a história dos X Jogos Africanos de Maputo-2011.
Após uma bem sucedida sequência de seis triunfos, cinco na fase de grupos e uma nos quartos-de-final, no seio da esmagadora maioria dos moçambicanos a aposta era a seguinte: a medalha de ouro na bola-ao-cesto feminina não sairá de Maputo. E os motivos para esta crença tinham a sua razão de ser, pois a selecção nacional não somente ganhava como também se exibia a níveis extraordinariamente convincentes.
Sábado à noite, todos os caminhos foram verdadeiramente dar ao pavilhão do Maxaquene. A”catedral” conheceu uma das maiores – senão mesmo a maior – enchentes da sua história, cantando, dançando e gritando até à rouquidão, na tentativa de se ultrapassar a poderosa formação senegalesa. Mas, debalde. A noite não estava realmente destinada às moçambicanas, pois aquilo que normalmente lhes saía com facilidade, por exemplo lançamentos e determinação nos ressaltos, praticamente não existia.
Em contraponto, o Senegal era dono e senhor dos acontecimentos, com as suas jogadoras a exibirem um fenomenal poderio nos triplos, facto que acabou por ditar a diferença. Momentos houve, nomeadamente no terceiro e quarto períodos, em que a nossa selecção logrou diminuir a desvantagem para margens mínimas, criando assim a sensação de uma recuperação absoluta, tal como nos tinha habituado, mas a preciosidade de concretização das senegalesas deitou a perder todo o nosso sonho dourado.

E, no fim, os números não enganavam: 83-71 para o Senegal, numa partida em que a nossa melhor marcadora foi Deolinda Gimo com 21 pontos, seguida de Odélia Mafanela com 13 e de Leia Dongue – a mascote do povo – com 11
E também o bronze voou
Perdido o ouro e, consequentemente, a prata, os olhos viraram-se ontem para o bronze, mas o facto já a não despertar grande atenção dos adeptos, que foram ao pavilhão do Maxaquene em número comparativamente reduzido. Mesmo assim, suficiente para dar força às briosas meninas, só que, mais uma vez, em vão, pois, diante da Nigéria, não evitaram a derrota pela marca de 72-69. Tratava-se da vingança das nigerianas, tendo em conta que as moçambicanas tinham ganho no encontro entre si na primeira fase.

À semelhança daquilo que foi sua imagem de marca nesta prova, a nossa selecção guardou todos os seus melhores argumentos para a ponta final, no entanto, ao que tudo indica, as adversárias já se tinham apercebido disso e estudado bem a lição. A tensão se apoderou da equipa, a aproximação no marcador acontecia, mas imediatamente as nigerianas, igualmente com infalíveis triplos, lá se galvanizavam de novo.
Os segundos finais foram vividos com o credo na boca, sobretudo quando Carla Silva, chamada a entrar precisamente nesse momento – faltavam menos de cinco segundos – fez um triplo e reduziu para um ponto de diferença (69-70). Porém, mesmo a terminar o jogo, um cesto das nigerianas ditou a história da contenda, para desalento de “todo o mundo”, já que ruía assim a última chance de uma de medalha da selecção feminina da bola-ao-cesto nos X Jogos Africanos de Maputo-2011.
Na final do torneio, Senegal bateu Angola por 64-57, sagrando-se vencedor da prova e conquistando a medalha de ouro, enquanto as angolanas ficaram com a prata e as nigerianas com o bronze
Num dia em que, no pavilhão do Desportivo, se assistia a um grande triunfo da selecção masculina de basquetebol sobre o Mali pela esmagadora diferença de 30 pontos (85-55), no Estádio Nacional do Zimpeto, na estreia da modalidade-rainha, o atletismo nacional foi uma decepção, com nenhum dos oito atletas em acção a conseguir, sequer, a qualificação para a final. E a maior desilusão foi Leonor Piúza, medalha de ouro nos 800 metros dos Jogos Africanos de Argel, que, deste modo, se viu arredada de defender o título conquistado há quatro anos.