Africa Basquetebol

17 setembro 2011

X JOGOS AFRICANOS MAPUTO 2011 - Infernizar a Nigéria até ao ouro

A PALAVRA de ordem é realmente essa: infernizar a Nigéria até ao precioso ouro. Já vencedores por tudo quanto fizeram nos Jogos Africanos, os nossos atletas carregam esta noite, a partir das 19.30 horas, no pavilhão do Maxaquene, toda uma nação que se revê na magnífica selecção de basquetebol à beira de fazer história.Maputo, Sábado, 17 de Setembro de 2011:: Notícias


E histórica será, para começar, a enchente que se estima para a “catedral”, no ano que inquestionavelmente marca o verdadeiro resgate da nossa bola-ao-cesto masculina no panorama continental. A final com a Nigéria, para os X Jogos Africanos de Maputo-2011, já aí está, e o que os moçambicanos rezam é que tudo decorra a contento, à semelhança de ontem, na meia-final marcada por uma exibição a todos os títulos fenomenal e coroada com uma expressiva vitória sobre Argélia pela marca de 68-45.
Desta vez, o público não precisou de sofrer e muito menos de esperar pela ponta final para festejar e extravasar a sua alegria. Tudo começou logo no princípio, com a turma nacional a comandar de forma categórica e destemida os cordelinhos da partida. Aliás o “cinco” inicialmente escalado por Joseba Garcia, designadamente constituído por Fernando Manjate, Amarildo Matos, David Canivete Jr, Custódio Muchate e Octávio Magoliço, imediatamente fez tudo por merecer, ao construir uma vantagem sobre o adversário.
Quem reparasse na altura das duas formações constava nítidas diferenças entre as duas: a moçambicana, muito baixa, mas mais ousada e tecnicamente maravilhosa; e argelina, bastante alta, com torres que em princípio deviam ganhar todos os ressaltos, porém, a encontrarem um opositor que surpreendentemente foi coroado de êxitos na luta nas tabelas, ganhando lances de certo modo incríveis.
A nossa selecção jogava bem. Tudo lhe saía com perfeição, até naqueles pormenores em que normalmente deixa muito a desejar: triplos e lances livres. Ontem, Octávio Magoliço atirou a acertar de várias posições dos 6.25 metros, para gáudio da eufórica plateia, que com a onda humana também fazia maravilhas na bancada. Nos lançamentos livres, as perdas foram mínimas, facto que acabou por ser determinante no desequilíbrio da balança, considerando que os magrebinos foram ineptos nestas situações.
A sincronização e a cadência de jogadas ofensivas da turma moçambicana, culminando invariavelmente com “cestos”, baralhavam os argelinos. E este estado de coisas até permitia ao treinador rodar à vontade a equipa sem se verificar grandes diferenças de ritmo. Foi assim, por exemplo, que Sílvio Letela, Stélio Nuaila, Samora Mucavele e Augusto Matos também contribuíram como uma quota-parte bastante significativa na festa, embora, realce-se, a noite tenha sido de Fernando Manjate, a par de Octávio Magoliço e de Amarildo Matos.
Nos derradeiros minutos, já ninguém conseguia ficar sentado. Em pé, “todo o mundo” fazia a festa. A claríssima diferença de 20 pontos e a forma estonteante como a nossa selecção continuava a jogar deixava os argelinos incrédulos, sobretudo porque, nessa altura, a sua inteligência tinha definhado.
Augusto Matos, que diante da Costa do Marfim, no dia anterior, havia posto os espectadores à beira de um ataque de nervos quando, em vão, tentou um “smach”, ontem, satisfez o seu ego. Também David Canivete teve espaço para algum brilho pessoal, enquanto Octávio Magoliço, com os seus triplos, ia distribuindo beijinhos à beleza feminina repleta nas bancadas. Enfim, houve tempo e espaço para fazer maravilhas, mas sem excessos, até porque a rigorosidade do técnico espanhol não permitiria que houvesse brincadeiras.

Alinharam e marcaram: Fernando Manjate (13), Samora Mucavele (9), David Canivete (6), Sílvio Letela (0), Augusto Matos (6), Amarildo Matos (5), Stélio Nuaila (5), Custódio Muchate (10), Octávio Magoliço (14), Pio Matos (0), Armando Baptista (0) e Sérgio Macuácua (0).