AFROBASQUETE MALI 2011 - Nem duplos nem triplos no banquete das “águias”
OS factos são claros e indiscutíveis: a nossa selecção jogou bem, até onde foi possível chegar, mas as malianas foram esmagadoramente superiores e a sua confortabilíssima vantagem de 30 pontos (73-4) não deixa margem para quaisquer equívocos. E, hoje, no epílogo da primeira fase do Afrobásquete Mali-2011, a turma moçambicana, já com o segundo lugar garantido, defronta a modesta formação do Gana.
Quando se pretende discutir uma partida desta magnitude e perante um adversário que “a priori” se sabia detentor de mais e melhores argumentos, a estratégia deve ser montada de tal maneira que nada falhe e, acima de tudo, a eficiência esteja em primeiro lugar. No caso do desafio de ontem à noite, no abarrotado pavilhãao do Estáadio 26 de Março, em Bamako, não resta a menor dúvida que as moçambicanas estiveram bem no global, no entanto, irreconhecíveis no detalhe. O detalhe que constrói as vitórias e, consequentemente, faz conquistar os campeonatos e que, neste caso, são os pontos.
A equipa teve índices de concretização extraordinariamente confrangedores. Foi uma noite em que não teve nem duplos nem triplos, situação muitíssimo bem aproveitada pelas “aguias de rapina” para o seu banquete, fazendo alarde do seu basquetebol tecnicamente bem trabalhado, conjunto bem estruturado e uma grande capacidade de aproveitamento dos ressaltos e dos erros do adversário. Enfim, um basquetebol verdadeiramente de arregalar os olhos.
Começando pelo princípio, é importante dizer que Moçambique emudeceu o pavilhão, mercê de uma entrada que teve todos os condimentos necessários para prometer uma grande partida. Enquanto as malianas se precipitavam em tudo e reinava nas suas hostes um desacerto total, as nossas jogadoras controlavam os acontecimentos e tudo lhes saía a contento. Nessa altura, técnico Carlos Alberto Niquice (Bitcho) tinha em campo um quinteto harmonioso em todos os aspectos, daí a sua música bem interpretada por Deolinda Ngulela, Anabela Cossa, Cátia Halar, Leia Dongue e Deolinda Gimo.
Espanto geral no pavilhão, porém, os números não enganavam: 10-1 favorável à turma nacional, nos cinco minutos iniciais do primeiro período. As jogadoras se empolgaram, mas, claro, sem embandeirar em arco, pois sabiam que tal não sentenciava rigorosamente nada. E o mérito da nossa selecção residia numa defesa bastante pressionante sobre todas as unidades, facto que baralhou a capacidade ofensiva das malianas, uma vez surpreendidas com uma situação daquela natureza.
Só que, afinal, o banqute das “águias” – cognome da selecção do Mali – ainda estava a ser preparado. quais aves de rapina, trouxeram à superfície todo o seu potencial de campeãs africanas e começaram a mandar nas quatro linhas a seu bel-prazer. Bitcho viu-se obrigado a efectuar várias mutações no seu xadrez, na tentativa de emprestar à equipa maior fulgor ofensivo, que estava sendo incapaz, mas debalde. Ou melhor, foi pior a emenda que o soneto, pois a saída da “play-maker” Deolinda Ngulela deixou a selecção sem uma contra-resposta segura e à altura de ripostar ao jogo das malianas.
A partir dessa altura, passou-se a assistir ao crescimento vertiginoso das anfitriãs, mercê do excelente trabalho debaixo da tabela de Djenaba Cissoko e de destemidas intervenções, aliadas às magníficas rotações de Meiya Tirera, Aissata Maiga e Hamssatou Maiga, qualquer delas jogadoras desequilibradoras e contemporâneas de Anabela Cossa, Deolinda Gimo, Filomena Micato e companhia, com as quais disputaram a final do Afrobásquete de Sub-20, em Maputo. As malianas foram crescendo, crescendo, até que empataram e com determinação ultrapassaram todas as vicissitudes que poderiam atrapalhar a sua vitória.
Nem os duplos foram servidos...
Pode ser caricato, porém, uma verdade cristalina: no primeiro período, Moçambique vencia por 14-10, mas, no segundo, apenas marcou oito pontos, contra 17 do Mali. É verdade que após o intervalo voltamos a notar um jogo mais alegre das nossas atletas, chegando inclusive à igualdade (27-27), mas não passou de um sucesso efémero. As “águias”, vendo o seu orgulho ferido, de novo partiram para uma vantagem mais folgada e para um triunfo indiscutível, face a um adversário que, mesmo a não atirar a toalha ao chão – o que é muito positivo -, claramente estava incapaz de mudar o rumo dos acontecimentos.
Aliás, bem se esforçaram as moçambicanas, todavia, quando não se servem nem os duplos nem os triplos nada se pode fazer. Senão vejamos: jogadoras como Anabela Cossa, Deolinda Ngulela, Ana Flávia Azinheira e Deloinda Gimo, que nos habituaram a marcar, ontem, falharam tudo. Tudo mesmo. Nem sequer um triplo saíu, das muitas ensaiadas. Ora, quando assim é, dificilmente se podem ganhar desafios.
As malianas, ao que nos deram a entender, não arriscam dos 6.25 metros. Foram pouquíssimas as vezes tentadas – também desperdiçadas -, mas usaram muito bem a sua extraordinária capacidade de concretização próximo da tabela, preferencialmente debaixo dela.
Na nossa equipa, alinharam e marcaram: Valerdina Manhonga (4), Deolinda Ngulela (4), Ana Flávia Azinheira (2), Anabela Cossa (2), Cátia Halar (4), Filomena Micato (1), Leia Dongue (11), Ruth Muianga (2), Ondina Nhampossa (0), Odélia Mafanela (5) e Deolinda Gimo (8).
Enfrentar o Gana com muita... gana
ESTA tarde, a partir das 14.00 horas de Bamako (16.00 de Maput0), no Pavilhão dos Desportos Modibo Keita, a selecção nacional poderá fechar a fase de grupos do Afrobásqute Mali-2011 com chave de ouro, quando defrontar o Gana. É uma das mais fracas equipas da prova e as nossas jogadoras, de certeza, quererão descarregar toda a sua fúria sobre as modestas ganesas, que até vão admirando a forma como as moçambicanas jogam.
Sendo certo que Mali terminará em primeiro – defronta hoje a RD Congo – e Moçambique em segundo, começa-se a conjecturar, para os quartos-de-final, na sexta-feira, a reedição de um encontro entre a nossa selecção e a Nigéria, depois de se terem enfrentado em duas ocasiões nos X Jogos Africanos de Maputo-2011. Na primeira, na fase de grupos, as moçambicanas ganharam e, na segundo, paraa discussão do bronze, as nigerianas e triunfaram e “roubaram-nos” a medalha.
Nas outras partidas de hoje, Tunísia tem pela frente Costa do Marfim, Guiné joga com Angola, Ruanda defronta Nigéria e Camarões encontra-se com Senegal.
Alexandre Zandamela, em Bamako
http://www.jornalnoticias.co.mz/
Quando se pretende discutir uma partida desta magnitude e perante um adversário que “a priori” se sabia detentor de mais e melhores argumentos, a estratégia deve ser montada de tal maneira que nada falhe e, acima de tudo, a eficiência esteja em primeiro lugar. No caso do desafio de ontem à noite, no abarrotado pavilhãao do Estáadio 26 de Março, em Bamako, não resta a menor dúvida que as moçambicanas estiveram bem no global, no entanto, irreconhecíveis no detalhe. O detalhe que constrói as vitórias e, consequentemente, faz conquistar os campeonatos e que, neste caso, são os pontos.
A equipa teve índices de concretização extraordinariamente confrangedores. Foi uma noite em que não teve nem duplos nem triplos, situação muitíssimo bem aproveitada pelas “aguias de rapina” para o seu banquete, fazendo alarde do seu basquetebol tecnicamente bem trabalhado, conjunto bem estruturado e uma grande capacidade de aproveitamento dos ressaltos e dos erros do adversário. Enfim, um basquetebol verdadeiramente de arregalar os olhos.
Começando pelo princípio, é importante dizer que Moçambique emudeceu o pavilhão, mercê de uma entrada que teve todos os condimentos necessários para prometer uma grande partida. Enquanto as malianas se precipitavam em tudo e reinava nas suas hostes um desacerto total, as nossas jogadoras controlavam os acontecimentos e tudo lhes saía a contento. Nessa altura, técnico Carlos Alberto Niquice (Bitcho) tinha em campo um quinteto harmonioso em todos os aspectos, daí a sua música bem interpretada por Deolinda Ngulela, Anabela Cossa, Cátia Halar, Leia Dongue e Deolinda Gimo.
Espanto geral no pavilhão, porém, os números não enganavam: 10-1 favorável à turma nacional, nos cinco minutos iniciais do primeiro período. As jogadoras se empolgaram, mas, claro, sem embandeirar em arco, pois sabiam que tal não sentenciava rigorosamente nada. E o mérito da nossa selecção residia numa defesa bastante pressionante sobre todas as unidades, facto que baralhou a capacidade ofensiva das malianas, uma vez surpreendidas com uma situação daquela natureza.
Só que, afinal, o banqute das “águias” – cognome da selecção do Mali – ainda estava a ser preparado. quais aves de rapina, trouxeram à superfície todo o seu potencial de campeãs africanas e começaram a mandar nas quatro linhas a seu bel-prazer. Bitcho viu-se obrigado a efectuar várias mutações no seu xadrez, na tentativa de emprestar à equipa maior fulgor ofensivo, que estava sendo incapaz, mas debalde. Ou melhor, foi pior a emenda que o soneto, pois a saída da “play-maker” Deolinda Ngulela deixou a selecção sem uma contra-resposta segura e à altura de ripostar ao jogo das malianas.
A partir dessa altura, passou-se a assistir ao crescimento vertiginoso das anfitriãs, mercê do excelente trabalho debaixo da tabela de Djenaba Cissoko e de destemidas intervenções, aliadas às magníficas rotações de Meiya Tirera, Aissata Maiga e Hamssatou Maiga, qualquer delas jogadoras desequilibradoras e contemporâneas de Anabela Cossa, Deolinda Gimo, Filomena Micato e companhia, com as quais disputaram a final do Afrobásquete de Sub-20, em Maputo. As malianas foram crescendo, crescendo, até que empataram e com determinação ultrapassaram todas as vicissitudes que poderiam atrapalhar a sua vitória.
Nem os duplos foram servidos...
Pode ser caricato, porém, uma verdade cristalina: no primeiro período, Moçambique vencia por 14-10, mas, no segundo, apenas marcou oito pontos, contra 17 do Mali. É verdade que após o intervalo voltamos a notar um jogo mais alegre das nossas atletas, chegando inclusive à igualdade (27-27), mas não passou de um sucesso efémero. As “águias”, vendo o seu orgulho ferido, de novo partiram para uma vantagem mais folgada e para um triunfo indiscutível, face a um adversário que, mesmo a não atirar a toalha ao chão – o que é muito positivo -, claramente estava incapaz de mudar o rumo dos acontecimentos.
Aliás, bem se esforçaram as moçambicanas, todavia, quando não se servem nem os duplos nem os triplos nada se pode fazer. Senão vejamos: jogadoras como Anabela Cossa, Deolinda Ngulela, Ana Flávia Azinheira e Deloinda Gimo, que nos habituaram a marcar, ontem, falharam tudo. Tudo mesmo. Nem sequer um triplo saíu, das muitas ensaiadas. Ora, quando assim é, dificilmente se podem ganhar desafios.
As malianas, ao que nos deram a entender, não arriscam dos 6.25 metros. Foram pouquíssimas as vezes tentadas – também desperdiçadas -, mas usaram muito bem a sua extraordinária capacidade de concretização próximo da tabela, preferencialmente debaixo dela.
Na nossa equipa, alinharam e marcaram: Valerdina Manhonga (4), Deolinda Ngulela (4), Ana Flávia Azinheira (2), Anabela Cossa (2), Cátia Halar (4), Filomena Micato (1), Leia Dongue (11), Ruth Muianga (2), Ondina Nhampossa (0), Odélia Mafanela (5) e Deolinda Gimo (8).
Enfrentar o Gana com muita... gana
ESTA tarde, a partir das 14.00 horas de Bamako (16.00 de Maput0), no Pavilhão dos Desportos Modibo Keita, a selecção nacional poderá fechar a fase de grupos do Afrobásqute Mali-2011 com chave de ouro, quando defrontar o Gana. É uma das mais fracas equipas da prova e as nossas jogadoras, de certeza, quererão descarregar toda a sua fúria sobre as modestas ganesas, que até vão admirando a forma como as moçambicanas jogam.
Sendo certo que Mali terminará em primeiro – defronta hoje a RD Congo – e Moçambique em segundo, começa-se a conjecturar, para os quartos-de-final, na sexta-feira, a reedição de um encontro entre a nossa selecção e a Nigéria, depois de se terem enfrentado em duas ocasiões nos X Jogos Africanos de Maputo-2011. Na primeira, na fase de grupos, as moçambicanas ganharam e, na segundo, paraa discussão do bronze, as nigerianas e triunfaram e “roubaram-nos” a medalha.
Nas outras partidas de hoje, Tunísia tem pela frente Costa do Marfim, Guiné joga com Angola, Ruanda defronta Nigéria e Camarões encontra-se com Senegal.
Alexandre Zandamela, em Bamako
http://www.jornalnoticias.co.mz/
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