MOÇAMBIQUE : Nacional Feminino - Veraneio na "catedral"
FOI um começo praticamente sem grandes pólos de atracção. O fosso existente entre as formações da capital do país e as forasteiras foi de tal forma expressiva que os prognósticos e conjecturas apontando desde já o quarteto maputense nas meias-finais da próxima sexta-feira são inequívocos. Para o Ferroviário, ISPU, Desportivo e Maxaquene, a jornada inaugural do Campeonato Nacional de Basquetebol de Seniores Femininos, prova a decorrer desde sábado, resumiu-se num autêntico veraneio na "catedral", em noites que, face ao calor que se faz sentir, são efectivamente próprias para o efeito. "Locomotivas" e "universitárias" não quiseram brincar em serviço, brindando as suas adversárias com a “chapa 100”: 111-47 à Escola Secundária Francisco Manyanga, de Tete, e 145-18 ao Ferroviário de Nampula, respectivamente, enquanto "alvi-negras" venceram Ferroviário da Beira pela marca de 85-62 e "tricolores" bateram Quelimanenses por 70-54.
Contrariamente ao inicialmente previsto, este campeonato acabou ficando reduzida de 10 para oito formações, em virtude da não vinda das representantes de Inhambane, designadamente Liga Muçulmana da Maxixe e Escola Superior de Hotelaria e Turismo. Mesmo assim, as equipas encontram-se divididas em dois grupos, com o campeão Ferroviário no I e o vice ISPU no II, conjuntos que "a priori" se aguarda pelo seu encontro na final, marcada para sábado. Hoje, disputa-se a segunda jornada, comportando os embates Ferroviário de Nampula-Desportivo (18.30 horas) e Ferroviário da Beira-ISPU (20.45).A despeito de se tratar de uma competição que aglutina as melhores artistas do país, para além do evidente desequilíbrio entre os times, foi notória a gritante ausência do público - por exemplo, ontem, o derradeiro desafio do dia teve a companhia de pares de olhos de "meia dúzia de gatos pingados". E as razões são claras: a hora tardia em que começam os jogos, pois 20.45 é injustificável para um domingo, independentemente dos compromissos televisivos, que, neste caso, aparentemente, terão caído em "saco roto", uma vez que não se viu nenhuma transmissão em directo. É que, a manter-se este ritmo de presenças - à excepção, provavelmente, do dia da final, que se perspectiva arraste muita gente - corre-se o risco de um evento pobre em todos os tons.
TREINO COMPETITIVO
Depois de, no "Nacional" passado, na capital zambeziana, se ter destacado como melhor marcadora, mostrando que apesar de mãe de dois rebentos ainda é uma jogadora valorosa, Diara Dessai volta a Maputo pela porta grande. Integrada num time, denominado Quelimanenses, que claramente não vem discutir o título, mesmo reforçado por algumas atletas da Académica, à semelhança da Francisco Manyanga, Diara teve um registo de 20 pontos ante o Maxaquene, embora perdendo por 54-70. Pelas "tricolores", saliência para Gracinda Bucar (19 pontos), Esmeralda Casimiro (16) e Yara Manhique (15).Já no segundo encontro da noite, o Ferroviário de Maputo pautou a sua exibição ao ritmo de um treino competitivo. As tetenses, que inclusive tiveram a ousadia de marcar os dois primeiros pontos da partida, ainda quiseram dar um arzinho da sua graça, com Angelina Mula bastante participativa e até a iniciar o ciclo de triplos, porém, quando as "locomotivas" acharam que tinha chegado o momento de trazerem à tona apenas uma parte do seu virtuosismo, aí os pratos da balança se desequilibraram por completo. Foi evidente, da parte do técnico Carlos Aik, que a ideia era mesmo de emprestar à equipa alguma rodagem e procurar a integração e combinação da congolesa Pauline Nsimbo (nº 10), a nova aquisição das campeãs nacionais. Por exemplo, começou com um cinco constituído por Kátia Machai, Rute Muianga, Pauline, Márcia Langa e Ondina Nhampossa, para, cinco minutos depois, isto é, metade do primeiro período, com o marcador favorável em 16-9, mudar tudo de avesso, fazendo entrar Janete Monteiro, Zinóbia Machanguana, Deolinda Gimo, Júlia Machalela e Sílvia Langa. Enfim, como se vê, nomes verdadeiramente de luxo, em relação aos quais as moças de Tete, apesar da sua vontade de fazer algo vistoso, dificilmente podiam travar o seu ímpeto triunfante.Aliás, para oferecer oportunidade a todas as suas atletas, Aik ainda fez jogar as novinhas Tatiana Ismael e Inocência Fondo, com a primeira, inclusive, a assinar um triplo. Bom, não chegou a ser verdadeiramente uma demonstração de força das "locomotivas", porque tal não chegou a ser necessário, face à incapacidade de resposta das oponentes, mas uma ocasião para o "mister" ir fazendo as suas aferições, num jogo em que o trio de arbitragem esteve bem, com o internacional Domingos Lino pedagógico para com os seus colegas. FICHA TÉCNICA
Árbitros: Domingos Lino, António Mavila e Almeida Colaço.
FERROVIÁRIO (111) – Inocência Fondo (7), Kátia Machai (16), Zinóbia Machanguana (6), Rute Muianga (9), Janete Monteiro (13), Tatiana Ismael (5), Pauline Nsimbo (12), Júlia Machalela (5), Márcia Langa (6), Deolinda Gimo (11), Sílvia Langa (15) e Ondina Nhampossa (6). Treinador: Carlos Aik.
F. MANYANGA (47) – Priscila Rodrigues (0), Tânia Merinde (11), Lúcia Nassiaka (0), Luisa Semo (7), Páscoa Langa (7), Érica Smith (0), Anita Filipe (7), Neuza Bacar (0), Noémia Sinóia (5), Angelina Mula (10) e Janete Fidélis (0). Treinador: Rodrigo Meneses.
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