Africa Basquetebol

15 dezembro 2006

MOÇAMBIQUE : Campeonato Africano já lá vai... A hora e a vez do "Nacional"!


OS resquícios do Campeonato Africano de Basquetebol Feminino Sub-20 ainda são visíveis aqui e acolá. Para além de algumas pessoas se interrogarem em relação ao revés da nossa selecção na hora da verdade, frente ao Mali, após uma carreira auspiciosa, que incluiu uma vitória precisamente sobre as malianas, no decorrer da primeira fase, e outras analisarem a prova sob os mais diversificados ângulos, as jogadoras guardam recordações boas mas também o momento pesaroso da final. Pois, é neste ambiente que a bola-ao-cesto do chamado "sexo fraco" volta à ribalta a partir de amanhã, na "catedral", com a disputa do Campeonato Nacional de Seniores, durante o qual irão evoluir também as artistas que há dias estiveram em foco na competição continental.

Depois do êxito rotundo que foi a prova máxima de seniores masculinos, realizada na cidade da Beira, em que o Pavilhão dos Desportos local sempre registou enchentes, para além de o próprio evento em si ter proporcionado jogos envolventes e espectaculares, a Federação Moçambicana de Basquetebol espera pela repetição do êxito, até porque os adeptos da modalidade ainda não esmoreceram o seu entusiasmo e o calor que lhes caracterizou durante o "Africano".

Pela primeira vez no seu historial, o Campeonato Nacional de Seniores Femininos contará com a presença de 10 equipas, daí se perspectivar que prenda a atenção do país inteiro, pois tomam parte quase todas as províncias, ansiosas em mostrar o que se vai fazendo em matéria de basquetebol nessas latitudes. À excepção dos habituais Ferroviário, campeão em título, ISPU, Maxaquene e Desportivo, da cidade de Maputo, e Ferroviário da Beira, todos os outros participantes são praticamente novidade, a saber: Ferroviário de Nampula, Quelimanenses, Francisco Manyanga, de Tete, Liga Muçulmana da Maxixe e Escola Superior de Hotelaria e Turismo de Inhambane (ESHTI).

Enquanto na capital do país o apuramento ocorreu regularmente através do Campeonato da Cidade, conquistado pela segunda vez consecutiva pelas "locomotivas", noutras paragens, as provas internas foram sucedidas por uma competição interprovincial, denominada "Bela Bola", e que constitui uma inovação da FMB, na perspectiva de aglutinar um número cada vez mais crescente de equipas pelo país fora. Pela zona norte, apuraram-se Ferroviário de Nampula e Quelimanenses; pelo Centro, Ferroviário da Beira e Francisco Manyanga; e pelo sul, as duas formações inhambanenses da Liga Muçulmana da Maxixe e da ESHTI, esta última a tomar parte na prova pela segunda vez.

Face à quantidade dos participantes, e à luz dos regulamentos da Federação, as equipas serão repartidas em duas séries de cinco cada, jogando a primeira fase no sistema de todos contra todos numa única volta. Transitam para as meias-finais os dois primeiros classificados, que jogarão no formato cruzado, para a final acontecer no próximo dia 23 do mês em curso, altura em que serão conhecidas as novas rainhas da bola-ao-cesto nacional, que tanto poderão ser as "locomotivas" a manter a coroa ou um outro time.




DE NOVO A RIVALIDADE FERROVIÁRIO-ISPU

De há duas temporadas para cá que o centro de gravidade gira em torno da rivalidade entre Ferroviário e ISPU, que concentram a nata da modalidade. Do ponto de vista de títulos, a turma treinada por Carlos Aik leva a melhor sobre a adversária: dois Campeonatos da Cidade e um Nacional. Apesar do forte equilíbrio que se verifica entre os dois conjuntos, a verdade manda dizer que, na hora da verdade, Armando Meque e suas jogadoras vacilam, perante o virtuosismo das "locomotivas", mais serenas e colectivamente melhor estruturadas.

Se nenhuma surpresa acontecer, a qual poderá ser protagonizada pelas beirenses, onde pontifica a internacional Odélia Mafanela, as meias-finais serão disputadas pelas quatro formações maputenses, que estarão duas em cada série - provavelmente como cabeças-de-série "locomotivas" e "universitárias", de modo a evitar-se o confronto entre si na primeira fase. A final, essa, à semelhança do que aconteceu na última edição, em Quelimane, projecta-se o reencontro entre Ferroviário e ISPU, que sempre é um apetecível desafio.

Aliás, segundo unanimemente escreveram na altura os jornais do Gabão, o jogo entre estas duas formações moçambicanas, na fase final da Taça dos Campeões de África, em Outubro passado, foi o melhor da prova e serviu de verdadeira lição como partida de basquetebol. A rivalidade entre Ferroviário e ISPU extravasou as fronteiras nacionais e foi mostrar a espectacularidade do nosso basquetebol numa competição continental, num desafio por muitos catalogado de autêntica final. As "locomotivas", uma vez mais trazendo à tona a sua supremacia sobre as adversárias, saíram vencedoras. Desta vez, como será? Uma pergunta que encontrará resposta ao longo do campeonato que amanhã se inicia no pavilhão do Maxaquene.