ANGOLA : Clube Desportivo da Huíla pode extinguir a modalidade
Quando, há cerca de três anos, arrancou o projecto de revitalização do basquetebol na província da Huíla, tendo como meta o campeonato nacional sénior masculino da primeira divisão, quebrando dessa forma as assimetrias que se assistiam no desenvolvimento da modalidade no país, ninguém imaginava que hoje a situação pudesse estar tão caótica. É que, o esforço de ressurgimento foi tão grande que só aconteceu graças a uma visão objectiva e estratégica do então dirigente do 1º de Agosto, o
General Francisco Furtado, que, por isso, contratou Emanuel Trovoada, um técnico angolano categorizado, que mostrou trabalho no último Afrobasket que Angola organizou, à frente da selecção de Cabo Verde, a qual, com a sua mão, conquistou o terceiro posto. Ávido de continuar a somar sucessos fazendo o que mais gosta na vida, Trovoada aceitou o desafio. O projecto, que se adivinhava ambicioso, estava voltado para a formação de atletas, dada a proximidade que a Huíla tem com a província do Cunene, dona de recursos humanos com qualidades morfológicas de referência.
Tudo arrancou bem e Emanuel Trovoada começou a fazer o que mais gosta: formar uma equipa sénior masculina e ensinar o “a-bê-cê” do basquetebol aos garotos. A adesão foi surpreendente. Por várias vezes, Trovoada quebrou o silêncio para dar largas à sua alegria, dizendo que a potência huilana iria surgir a breve trecho. Entretanto, reza a história que nos idos da década de 1980, o então Desportivo da Huíla possuía uma equipa que ombreava com formações da capital no Campeonato Nacional.
Atletas como Luís Garrido, José Fucato, Bravo, Russo, deram cartas e rivalizavam com outros das equipas do 1º de Agosto, Sporting de Luanda, Petro Atlético, entre outras onde pontificavam nomes como Necas, Zé Carlos Guimarães, Jean Jacques, Boneco e Mário Octávio.
O malogrado Mário Chaves era então o timoneiro de uma equipa formada com as suas próprias mãos dada a perspicácia e “atrevimento” que então evidenciava, sem apoios significativos. Esse espírito fez que a chegada de Trovoada proporcionasse uma adesão bastante grande, pois, todos queriam ver renascer das cinzas uma modalidade que já foi representativa nestas paragens. Vale lembrar que, no tempo da outra senhora, o Benfica do Lubango foi, pela colónia portuguesa, campeão europeu de basquetebol em seniores femininos.
No entanto, nos últimos dois anos, pela mão e experiência de Emanuel Trovoada, foi criada uma base satisfatória, que se resumia numa equipa de basquetebol sénior masculina. Esta disputou, em bom nível, o Campeonato Nacional e a Taça de Angola. Com bastante sacrifício, foi formada a equipa no primeiro ano para, no segundo, logo no início, sofrer uma sangria tremenda, que fez com que todo o processo fosse reformulado. No segundo ano de participação em provas nacionais, a equipa voltou a estar a um bom nível. Dava a impressão de que tudo caminhava para a melhoria e que o presente ano seria da afirmação efectiva.
Direcção alega falta de verbas
O basquetebol no Desportivo da Huíla tende agora a morrer. A certa altura, a direcção do Clube Desportivo da Huíla veio a terreiro aludir que, nesta temporada, o grémio estaria de fora por razões financeiras. Aliás, as mesmas que fizeram com que houvesse desintegração do núcleo que, de resto, se assiste. Muitos dos atletas do CDH foram “aliciados” por outros emblemas e, como desejam competir ao mais alto nível, poucos resistem à tentação.
Uma fonte da direcção do clube disse ao “JD” que os técnicos estão há cinco meses sem verem a cor do dinheiro. A fonte, que falou na condição de anonimato, foi mais longe ao aludir que “a situação é tão grave e não se adivinha o que pode ser o dia de amanhã, no que diz respeito ao basquetebol no clube”. A mesma fonte adiantou que, pelo facto de os técnicos acreditarem na destreza da direcção na solução do assunto, “continuam a trabalhar normalmente”, mas o cerco começa já a apertar e a ficar insuportável.
Esforços mil têm sido feitos para que a modalidade se mantenha viva no clube. Pelo que o “JD” apurou, o principal patrocinador do clube, as FAA, parece não ter muita motivação para continuar a sustentar o basquetebol porque, segundo a fonte, “manifesta-se bastante oneroso, devido aos custos”. Nos dois últimos anos, a equipa sénior, composta na sua maioria de atletas vindos de Luanda, era praticamente suportadoa pelo patrocinador em todas as despesas inerentes, desde residência, contratos, prémios, alimentação, transporte, etc.
Com eles, toda a equipa técnica liderada por Emanuel Trovoada que, diga-se, vem efectuando um trabalho digno de realce para a revitalização da modalidade nesta região. De tão árduo que tem sido o trabalho, tudo pode cair por terra. Hoje, cerca de 150 jovens estão envolvidos pelo projecto, nas categorias de iniciados, cadetes, infantis, juvenis e juniores. Várias vezes, Trovoada veio a terreiro aludir que este projecto, ao se manter, deve visar o desenvolvimento do basquetebol de Angola e não apenas da província da Huíla. “O amor que temos pelo clube e pela modalidade é o que nos move”, disse o técnico.
Da mesma forma, disseram algumas fontes, a manutenção do exercício do desenvolvimento da modalidade serve para revitalizar o uso dos pavilhões recentemente construídos e requalificados que, de resto, correm o risco de se degradar. O que é ponto acente é que o basquetebol de competição tende a desaparecer na Huíla.
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By Unknown, at 18/4/18 08:20
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