Africa Basquetebol

20 julho 2012

ANGOLA : É preciso encontrar antídoto para manter hegemonia em África

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Valdelício Joaquim, uma das esperanças na renovação da selecção
Valdelício Joaquim, uma das esperanças na renovação da selecção

 Luanda - Em face do notável crescimento competitivo das outras nações do basquetebol africano, que já custou a perda em 2011 do título continental que durava havia 22 anos, Angola terá de encontrar “antídotos” para continuar a dominar a modalidade em seniores masculinos, disse o antigo presidente do Comité Olímpico Rogério Silva.

Em entrevista à Angop, em Luanda, a propósito da primeira ausência da selecção nacional masculina no torneio olímpico em 20 anos, Rogério Silva, embora não considere alarmante o facto, sublinhou a importância de encontrar soluções face ao crescimento dos adversários directos.
“Perdemos (o Afrobasket) mas com uma medalha de prata, e não num sexto ou sétimo. Perdemos o campeonato. Mas as outras equipas também não estiveram paradas. Desde há muito que ouço dizer que quando a Nigéria, Cote d’Ivoire e Senegal forem mais organizadas, teremos dificuldades porque não temos estatura para eles”, disse.
“Portanto, de facto, fomos mantendo um “stander” e estávamos a pensar que os outros não evoluiriam, mas eles não ficaram parados”.
Em face disso, tendo admitido uma melhoria no nível da estatura da selecção nacional porém ainda aquém dos principais adversários, Rogério Silva apontou caminhos para fazer face a situação.
“Ao longo desses anos, conseguimos arranjar antídotos para a falta de estatura. Melhorámos um pouco o nível de estatura nos últimos tempos. Mas sempre fomos inferiores a outros países africanos e os nossos técnicos conseguiam encontrar antídotos tácticos e de ritmo de jogo que compensavam este “hadicap”. Penso que será nessa via que temos de saber trabalhar”.
Defendeu para tal que se criem equipas técnicas “fortes” e que possam trabalhar também com os clubes “para se fazer como antes: trabalhar sempre no mesmo sentido”.
Mostrou-se confiante em que a actual equipa técnica (comandada pelo José Carlos Guimarães), por “conhecer bem” os atletas, poderá ter ideias próprias e conduzir “a bom termo” essa estratégia para actuar com as equipas africanas.
Por outro lado, o presidente da Academia Olímpica sugere que “acertos a nível administrativo” devem ser feito no sentido de aproximar a remuneração da federação a dos clubes para motivar os jogadores ao serviço da selecção.
“O valor da remuneração dos basquetebolistas subiu muito. Administrativamente a federação tem de procurar acompanhar senão os atletas não terão a mesma motivação nas selecções, que têm nos clubes”.
A acrescer-se a isso, opinou também que “seria bom - embora reconheça que seja difícil -, se não houvesse no país uma tão diferenciada presença de treinadores estrangeiros”. “Durante muitos anos conseguimos sobreviver exitosamente com a prata da casa como técnicos; tínhamos a nossa filosofia de jogos. Penso que com a vinda de muitos técnicos estrangeiros essa filosofia se foi diluindo”.
O dirigente desportivo admite que a causa desta situação seja “provavelmente porque também não há grande renovação nos treinadores angolanos. Há que apostar mais na formação dos treinadores nacionais. Temos alguns com experiência, reconhece-lhes que são bons mas talvez falte alguma capacidade de liderança”.
Sobre a constituição dos grupos alertou que quando mais velhas vão sendo as equipas em média de idades, mais difícil é a liderança desses atletas. Por isso é sempre bom haver uma mistura de juventude com veterania para haver um ponto de equilíbrio.
"Um jogador que esteja há 15 anos na selecção, já tem as suas próprias convicções, tem leituras de jogo, conhecimentos de táctica e de estratégia de jogo, pode questionar o treinador, o que complica a sua liderança. Acho que esta veterania deve ter um equilíbrio da juventude. É necessário maior rejuvenescimento da selecção".
Disse não dispor de dados suficientes para aferir qual a realidade actual da selecção neste capítulo mas reiterou que as motivações de natureza administrativa poderão captar jogadores que estão a actuar essencialmente no estrangeiro.
"Sabemos que temos jogadores no exterior e tem de haver outro tipo de motivação. Hoje em dia dizer que a motivação é o orgulho de vestir a camisola da selecção às vezes não funciona. Mas nem sempre as federações têm capacidade financeira para isso, daí que a nível das entidades de tutela há que analisar este aspecto para se poder dar meios às federações para terem capacidade de motivar também pela via remuneratória. Tudo isso tem de ser conjugado."