X JOGOS AFRICANOS MAPUTO 2011 - Moçambique, 57-Nigéria, 62: Triste sina na noite de sonho
TANTO o seleccionador, o espanhol Joseba Garcia, como os próprios jogadores sabiam que não seria uma final fácil e, sobretudo, que este desafio não teria rigorosamente nada a ver com o anterior. Apesar de tudo, o treinador não quis inventar, alinhando a mesma equipa inicial: Fernando Manjate, Amarildo Matos, David Caniteve Jr, Custódio Muchate e Octávio Magoliço.
Reparando-se nas alturas, os nigerianos eram francamente superiores, no entanto, a ousadia e a forma destemida de jogar da nossa selecção ajudava a superar essa vicissitude. Mesmo assim – e isso terá contribuído grandemente para o desnível no marcador, a favor da Nigéria – foi notório que os atletas acusaram demasiadamente a responsabilidade de uma final e se deixaram nortear pelo nervosismo, daí os falhanços incríveis debaixo da tabela, para além de insistentes e desnecessárias tentativas de triplos sem nenhum resultado.
Mais serenos, os nigerianos aproveitaram-se deste atabalhoamento para controlar o jogo, sobretudo porque a batalha nas tabelas lhes era favorável e ganhavam grande parte dos ressaltos, embora o seu nível de concretização também fosse baixo. Aliás, a Nigéria é um time que definha e cede facilmente quando é pressionado. Para ilustrar esta realidade, basta dizer que quando Stélio Nuaila se encarregou de vigiar o “play-maker” A. Usman, retirando-lhe a capacidade de movimentação, a equipa baixou drasticamente de produção ofensiva.
Ora, esta situação galvanizou a turma nacional, mais consequente na abordagem do jogo, mais objectiva nos contra-ataques e mais precisa nos lançamentos. Resultado: conseguiu reduzir a desvantagem de 10 pontos (8-18) para apenas um (17-18), isto é, uma recuperação de nove pontos em curto espaço de tempo.
À entrada para a etapa complementar julgava-se que o ritmo alucinante do segundo período iria se manter, mas sucedeu o contrário. O desacerto tomou conta dos atletas. Amarildo Matos se desencontrou consigo mesmo e, embora tacticamente a equipa estivesse bem e respondesse ao poderio dos nigerianos, a falta de clarividência acabava por emperrar tudo. O técnico preferiu rodar quase todos os jogadores, só que à máquina faltava algum óleo lubrificante. Fernando Manjate decidiu ser um “one man show”, através das suas clássicas entradas serpenteadas, mas coube a Augusto Matos, com um “smach”, acordar o pavilhão (43-46).
A decisiva etapa abre com um triplo de Magoliço (46-46). A equipa se empolgou e o público correspondeu. Foi uma fase extraordinariamente boa e que levou “todo o mundo” já a acreditar no ouro, até porque Moçambique passou à dianteira no marcador. Todavia, como sói dizer-se, a pressa é inimiga da perfeição, daí que os nossos jogadores, na tentativa de fazer tudo à pressa, recuperar o esférico na defesa e correr imediatamente para a tabela contrária, acabava por se pressionar a si mesmos e permitir incompreensíveis perdas de bola.
Estes erros terão sido fatais, dado que a Nigéria, que devia estar em pânico, mostrou-se calma e soube gerir a situação, ganhando novamente o comando do marcador. A 18 segundos do fim, Sílvio Letela, dos 6.25 metros, reduz a desvantagem (57-60). Toda a gente clama por um novo triplo, mas, debalde. Ainda houve espaço para dois lances livres, porém, sem sucesso, tendo os nigerianos arrancado um “smach” final.
Alinharam e marcaram: Fernando Manjate (12), Samora Mucavele (2), David Canivete (8), Sílvio Letela (9), Augusto Matos (5), Amarildo Matos (0), Stélio Nuaila (3), Custódio Muchate (7), Octávio Magoliço (9), Pio Matos (0), Armando Baptista (2) e Sérgio Macuácua (0).
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