MOÇAMBIQUE : LIGA NACIONAL DE BASQUETEBOL VODACOM: A coroa voltou ao palácio real
SÁBADO inolvidável na “catedral” da nossa bola-ao-cesto. Sábado de reencontro da família “tricolor” e, sobretudo, do regresso da coroa ao palácio real, após quatro anos a ornamentar as vitrinas verde-e-branca dos “locomotivas” da capital do país. Uma tarde/noite verdadeiramente inesquecível para os adeptos da modalidade, pois esta foi uma finalíssima a todos os títulos espectacular, com uma ponta final atípica e acompanhada com o credo na boca por todos quantos estiveram no pavilhão do Maxaquene. É que, meritoriamente, a turma do espanhol Joseba Garcia ganhou por 81-76 e, consequentemente, se sagrou campeão nacional de seniores masculinos, com a conquista da Liga Nacional de Basquetebol Vodacom. No entanto, a resposta do Ferroviário da Beira foi extraordinária, fazendo recordar os velhos tempos áureos dos vizinhos e eternos rivais.
Com os maxaquenenses a mobilizarem-se como jamais havia acontecido este ano, numa temporada em que iniciaram uma revolução a toda a escala da colectividade, o triunfo do basquetebol – inquestionavelmente a maior bandeira do clube – foi como uma cereja no cimo de um bolo confeccionado por uma equipa que, não sendo a melhor do país – aliás, nem ela própria se arvora esse estatuto – teve na humildade a sua maior virtude, para além de ter sabido explorar devidamente o “casamento” entre a ala estrangeira, composta por Janson Hartford e Eric Banda, e a doméstica, sendo de destacar o sempre primoroso Fernando Manjate, a magnífica revelação Samora Mucavele e os artífices Stélio Nuaila e Sílvio Letela, um “cocktail” que proporcionou aos “tricolores” o seu 18º título nacional.
Imprópria para cardíacos, particularmente no momento decisivo, a partida foi um espectáculo vivido intensamente, tanto nas quatro linhas como nas bancadas. O Maxaquene, estrategicamente, esteve bem, ao se adiantar logo no início para uma vantagem de certo modo confortável, mercê de um jogo ofensivo bem esquematizado e, na defesa, a proporcionar pouco campo de acção às unidades mais influentes da formação beirense, com destaque para a jóia André Velasco. Os “tricolores” chegaram a desfrutar de 15 pontos de diferença, para muita gente inexpugnáveis, até porque a inspiração colectiva era uma realidade e o “show” nas bancadas galvanizava sobremaneira os artistas.
No entanto, senhoras e senhores, o Ferroviário da Beira, astuto, inteligente e a guardar as forças para a melhor oportunidade, paulatinamente encetou uma recuperação estonteante e que baralhou os “tricolores”. Para além de Velasco, veio ao de cima o virtuosismo de Armando Baptista – estamos em crer que o seleccionador nacional não estava de olhos vendados ao longo deste campeonato – o gigantismo de Cedrick Kalombo e a arte de Sérgio Macuácua e Lukusa Mutombo, adicionando-se, de permeio, a frescura de Eduardo Lon.
Aqui, sim, o Maxaquene viu toda a sua estratégia vitoriosa desbaratada e até uma certa incredulidade no seio dos seus adeptos. A parte final da contenda foi a mais espectacular. A gerirem uma vantagem de dez/oito pontos, os “tricolores”, abruptamente, viram o adversário diminuir para somente três (78-75), na sequência de um triplo de Kalombo. A “catedral” emudeceu. Quase que veio abaixo. Daí a pouco, seria o soar da buzina.
Já ninguém controlava os nervos, incluindo os árbitros, tanto é que Eric Banda, primeiro, e Sérgio Macuácua, logo a seguir, desperdiçaram, incrivelmente, debaixo da tabela, oportunidades para o “tricolor” aumentar a vantagem e para o “locomotiva”, por seu turno, empatar a partida. Mas seria o grande Fernando Manjate a dar solução à interrogação, trazendo de volta ao palácio de sua majestade a coroa de rei.
Inquestionavelmente, há mérito e glória na vitória do Maxaquene, mas também devemos reconhecer a devida honra ao Ferroviário da Beira, a quem, igualmente, não assentaria mal a coroa. Recorde-se que no primeiro embate da final, em Maputo, os “locomotivas” venceram por 72-65 e, no segundo, no Chiveve, os “tricolores” ganharam pela marca de 91-71. Curiosamente, os dois primeiros classificados da fase regular, Desportivo e Ferroviário, terminaram nos lugares secundários, tendo o então campeão ficado no terceiro posto, mercê da sua vitória sobre os “alvi-negros” por 91-78.
* ALEXANDRE ZANDAMELA
Com os maxaquenenses a mobilizarem-se como jamais havia acontecido este ano, numa temporada em que iniciaram uma revolução a toda a escala da colectividade, o triunfo do basquetebol – inquestionavelmente a maior bandeira do clube – foi como uma cereja no cimo de um bolo confeccionado por uma equipa que, não sendo a melhor do país – aliás, nem ela própria se arvora esse estatuto – teve na humildade a sua maior virtude, para além de ter sabido explorar devidamente o “casamento” entre a ala estrangeira, composta por Janson Hartford e Eric Banda, e a doméstica, sendo de destacar o sempre primoroso Fernando Manjate, a magnífica revelação Samora Mucavele e os artífices Stélio Nuaila e Sílvio Letela, um “cocktail” que proporcionou aos “tricolores” o seu 18º título nacional.
Imprópria para cardíacos, particularmente no momento decisivo, a partida foi um espectáculo vivido intensamente, tanto nas quatro linhas como nas bancadas. O Maxaquene, estrategicamente, esteve bem, ao se adiantar logo no início para uma vantagem de certo modo confortável, mercê de um jogo ofensivo bem esquematizado e, na defesa, a proporcionar pouco campo de acção às unidades mais influentes da formação beirense, com destaque para a jóia André Velasco. Os “tricolores” chegaram a desfrutar de 15 pontos de diferença, para muita gente inexpugnáveis, até porque a inspiração colectiva era uma realidade e o “show” nas bancadas galvanizava sobremaneira os artistas.
No entanto, senhoras e senhores, o Ferroviário da Beira, astuto, inteligente e a guardar as forças para a melhor oportunidade, paulatinamente encetou uma recuperação estonteante e que baralhou os “tricolores”. Para além de Velasco, veio ao de cima o virtuosismo de Armando Baptista – estamos em crer que o seleccionador nacional não estava de olhos vendados ao longo deste campeonato – o gigantismo de Cedrick Kalombo e a arte de Sérgio Macuácua e Lukusa Mutombo, adicionando-se, de permeio, a frescura de Eduardo Lon.
Aqui, sim, o Maxaquene viu toda a sua estratégia vitoriosa desbaratada e até uma certa incredulidade no seio dos seus adeptos. A parte final da contenda foi a mais espectacular. A gerirem uma vantagem de dez/oito pontos, os “tricolores”, abruptamente, viram o adversário diminuir para somente três (78-75), na sequência de um triplo de Kalombo. A “catedral” emudeceu. Quase que veio abaixo. Daí a pouco, seria o soar da buzina.
Já ninguém controlava os nervos, incluindo os árbitros, tanto é que Eric Banda, primeiro, e Sérgio Macuácua, logo a seguir, desperdiçaram, incrivelmente, debaixo da tabela, oportunidades para o “tricolor” aumentar a vantagem e para o “locomotiva”, por seu turno, empatar a partida. Mas seria o grande Fernando Manjate a dar solução à interrogação, trazendo de volta ao palácio de sua majestade a coroa de rei.
Inquestionavelmente, há mérito e glória na vitória do Maxaquene, mas também devemos reconhecer a devida honra ao Ferroviário da Beira, a quem, igualmente, não assentaria mal a coroa. Recorde-se que no primeiro embate da final, em Maputo, os “locomotivas” venceram por 72-65 e, no segundo, no Chiveve, os “tricolores” ganharam pela marca de 91-71. Curiosamente, os dois primeiros classificados da fase regular, Desportivo e Ferroviário, terminaram nos lugares secundários, tendo o então campeão ficado no terceiro posto, mercê da sua vitória sobre os “alvi-negros” por 91-78.
* ALEXANDRE ZANDAMELA
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home