AFROBASKET : Camarões recusam servir de “petisco” para Angola
Paulo Caculo
A selecção nacional dos Camarões efectuou na manhã de ontem uma sessão de treinos que serviu de “ensaio” ao jogo de hoje à noite com Angola, válido para a final da XXIV edição do Afrobasket/2007.
Durante uma hora e meia, o técnico Lazare Adingono deixou claro aos jornalistas e aos poucos adeptos presentes no renovado Pavilhão Gimnodesportivo da Cidadela, que não pretendem ser nenhuma “perâ-doce” para Angola. Ou seja, a leitura que se faz da única preparação dos Leões Indomáveis antes do confronto da final de hoje, é a de que estão dispostos a discutir o título deste Campeonato Africano até às últimas consequências, ainda que para tal seja necessário “morrer na quadra”.
Pelo menos foi o que nos deu a entender, nas entrelinhas, as declarações do técnico camaronês (ver peça ao lado). Apesar de Lazare Adingono ter trabalhado com os seus doze jogadores com a presença do público, não escondeu, na totalidade, as estratégias a usar para derrubar a equipa de Alberto de Carvalho “Ginguba”.
Jogadas combinadas e arremessos à cesta quer na linha dos 6,25 metros quer em lances livres, dominaram a preparação que culminou com um breve jogo entre o provável “cinco” inicial e a equipa de reservas.
Desta preparação dos camaroneses que visa a conquista do título africano, pode-se ainda depreender que apostaram muito no jogo exterior. Patrick Bouli e Gaston Essengue, principais cestinhas da equipa, voltaram a evidenciar durante o treino grandes performances, “rematando” sempre com êxito da zona dos três pontos.
Por outro lado, há ainda a destacar dois bases muito rápidos nesta equipa, Ekanga e Luc Mbah, que são os grandes armadores de todo jogo ofensivo dos Camarões.
De resto, trabalharam com o técnico Adingono os seguintes jogadores: Frank Ndongo, Gaston, Essengue, Bayang, Ekanga, Jean Pierre Ellong, Bitee, Bouli, Tatchoum, Vounang, Luc Mbah e Joseph Owona.
Cinco jogadores actuam nos Estados Unidos da América
A selecção camaronesa, que hoje decide o título do 24º Afrobasket com Angola, disputa a sua primeira final com cinco jogadores que actuam em formações norte-americanas, além do seu técnico principal. Outros cinco vêm de França e apenas dois jogam no próprio país.
No seu plantel destaca-se Luc Mbah, 21 anos e 2,00 m , o principal responsável pela vitória sobre o Egipto na meia-final. Este extremo do UCLA da NCAA dos Estados Unidos conseguiu 20 pontos, nove ressaltos e seis recuperações sendo as melhores marcas da partida.
A NCAA - National Collegiate Athletic Association (Associação Atlética Universitária Nacional) é a entidade máxima do desporto universitário dos Estados Unidos da América. Organiza e gerencia competições regionais e nacionais entre as universidades do país.
O seleccionador camaronês, Lazare Adingono (Canisius College/EUA, NCAA), conta ainda com outros quatro jogadores da NCAA dos Estados Unidos, como Franck Ndongo (Virgínia Commonwealth), 18 anos, 2,01 m e Parfait Bitee (U. Rhode Island), 22 anos, 1,88m. Completam a “armada americana” Patrick Bouli (Manhattan College), 21 anos, 1,88 m , e Gaston Essengue (UNLV), 23 anos, 2,05 m.
O jogador mais alto do conjunto actua na terceira divisão francesa (JSA Bordeaux, Joseph Owona, que um dia depois da final completa 31 anos, tem 2,05 m . Em França actuam ainda Joachim Ekanga (JSF Nanterre), 19 anos, 1,88 m, Alex NKembe (La Rochelle Rupella ), 28 anos, 2,04 m , Romeo Tatchoum (ALS Andrezieux), 26 anos, 1,88 m , e Brice Vounang (SPO Rouen), 1,98 m.
Os únicos jogadores que jogam nos Camarões são Christian Bayang (BEAC Yaoundé), 20 anos e Jean-Pierre Ellong Ebongue, de 22.
Esta selecção está apenas pela quarta vez numa prova continental, tendo iniciado em 1972 (8º). A sua melhor classificação foi o quarto lugar na edição de 1974 em Bangui, e há 17 anos que não marcava presença num Afrobasket, desde que ocupou o oitavo lugar em 1991 no Cairo. Não tem classificação no Ranking FIBA.
O facto de ter este histórico modesto e o de ter sido enquadrado num grupo sem qualquer campeão africano (D, Cabinda) levou a que os camaroneses passassem despercebidos. A cabeça-de-série, Argélia, desistiu à última hora, substituída por Moçambique, o que deixou a série menos expressiva.
Superou a favorita Tunísia por cinco pontos (75-70), no jogo mais equilibrado que disputou em Cabinda. Venceu Moçambique por 66-54 e o resultado mais expressivo foi com a África do Sul (89-59).
Nesta segunda fase já em Luanda derrubou já sete títulos do Afrobasket. Nos quartos de final, aplicou 20 pontos (76-56) a Côte d’Ivoire (duas vezes campeã de África) e que se apurou no grupo mais equilibrado, afastando Senegal e Mali.
É este adversário que, no seu regresso para já assegurou a melhoria da classificação, a selecção octa-campeã africana terá de ultrapassar sábado às 19 horas no pavilhão da Cidadela, em Luanda, para chegar aos Jogos Olímpicos e ao nono trofeu continental.
Lazare Adingono (Técnico)-“Queremos conquistar
título africano”
O treinador da selecção camaronesa, Lazare Adingono, assegurou no final do treino de ontem que a sua equipa vai entrar para o jogo com a selecção angolana “com o objectivo de conquistar o título africano”.
Adingono, apesar de reconhecer que defronta a selecção anfitriã, não esconde a ansiedade e o desejo de terminar a final vitorioso. Segundo ele, será um grande jogo de basquetebol e que só vencerá quem estiver melhor.
“Vamos defrontar uma boa equipa. Angola joga muito bem, tem um grande treinador, mas nós também temos uma boa equipa e estamos determinados em complicar o máximo o favoritismo de Angola”, disse o treinador da selecção camaronesa, salientando em seguida que “o moral do grupo antes da final é dos melhores e todos estão felizes por disputar esta final com Angola”, a quem esperam vencer.
“Acreditamos positivo. Sempre acreditamos que podíamos chegar à final deste campeonato africano. Estamos determinados em ganhar o jogo. Este é o nosso maior objectivo. Queremos conquistar este título, mas sabemos que será muito difícil”, asseverou.
P.C
Primeira final em 3 participações
A primeira aparição da selecção dos Camarões numa fase final do Afrobasket remonta ao ano de 1972, no Senegal. Com uma equipa inexperiente e que valia mais pela qualidade individual de alguns jogadores do que propriamente pelo seu conjunto, os Camarões acabaram afastados na primeira fase, diante da RCA, naquela que marcou, na altura, a disputa do Africano com maior número de selecções (12).
Como que a anunciar o surgimento de uma equipa com o objectivo de conquistar a sua marca entre os melhores, os Leões Indomáveis regressavam em 1974 para a sua segunda presença consecutiva e com uma equipa que traduziu melhor atitude.
Mas, na edição seguinte, ao contrário do que se previa, a selecção camaronesa voltou a estar ausente durante muito tempo, nomeadamente em 1975 (Egipto), 78 (Senegal), 80 (Marrocos), 81 (Somália), 83 (Egipto), 85 (Côte d’ Ivoire), 87 (Tunísia) e 89 (Angola).
Depois deste longo jejum, os Camarões só voltaram a protagonizar uma nova participação entre os melhores do basquetebol africano, apenas em 1991, por ocasião do Afrobasket organizado pelo Egpto. Mas já nas edições seguintes, os camaroneses voltaram a estar afastados, em 1993 (Quénia), 95 (Argélia), 97 (Senegal), 99 (Angola), 2001 (Marrocos), 2003 (Angola) e 2005, na Argélia.
De resto, este ano, o facto é que a selecção camaronesa protagoniza a grande surpresa da competição, ao disputar a final inédita com Angola. Como será? Esta é uma pergunta que apenas terá resposta no final jogo desta noite.
P.C
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