Africa Basquetebol

02 janeiro 2006

ANGOLA: Gustavo Conceição confirma credenciais e exige mais para 2006

Apesar de ter sido ofuscado pelos feitos inéditos do futebol e pelo desaire da selecção feminina, o basquetebol angolano manteve em 2005 a linha vencedora e a nova direcção da federação lançou as sementes para um futuro de maior qualidade e novas conquistas para a modalidade.
Embora seja o oitavo título, o que é já considerado um ciclo normal pela sua regularidade, a vitória no Afrobasket2005 foi das mais difíceis de conquistar e comemorada com as mais estrondosas e efusivas manifestações em todo o país.
O octo foi, no entanto, suplantado pela qualificação, pela primeira vez, do país para o campeonato do mundo de futebol a qual se juntou o regresso dos Palancas Negras à fase final do CAN, três edições depois da sua última presença.
Em 2005, além de se manter como a modalidade de referência do país, o basquetebol continuou a ser um exemplo a seguir por outras modalidades e não só. Isso tem merecido o reconhecimento de toda a sociedade.
De resto, o exemplo mais recente veio do próprio Chefe de Estado angolano. Em ocasião tão solene como a mensagem de fim de ano dirigida à nação, José Eduardo dos Santos voltou a destacar o desporto, particularmente o basquetebol, futebol e Andebol como exemplos a seguir pelas outras áreas da sociedade.
"Ser pela oitava vez campeão de África ou estar pela primeira vez no campeonato do mundo são grandes feitos que ilustram a capacidade e valor dos angolanos nos diversos âmbitos da vida nacional", enfatizou o presidente da República.
Nas últimas nove edições do Afrobasket, Angola ganhou oito vezes, sendo líder do ranking continental a três títulos dos segundos colocados - Senegal e Egipto (5). A edição de Argel2005 foi a mais difícil pelo facto de a selecção nacional estar a ser rejuvenescida.
Quase metade do conjunto era estreante em competições do género e ocorreu já sem a contribuição do retirado Jean Jacques da Conceição, a maior referência da modalidade.
O grau de dificuldade acentuou-se por alinhar sem lançadores natos e em terreno hostil com opositores muito mais altos e ávidos por retirar o título a Angola, numa prova em que se disputava também o apuramento ao próximo campeonato do mundo (Japão2006).
A superior cultura táctica e capacidade técnica superaram, porém, a concorrência e o país viu Ângelo Victoriano erguer uma vez mais o principal troféu do basquetebol de África.
A direcção estreante do ex-capitão do "cinco" nacional Gustavo Conceição, no primeiro ano de mandato, dava assim um grande contributo para que os níveis de motivação da selecção de futebol crescessem rumo à inédita qualificação, que se consumaria dois meses depois.
O octo-campeonato garantiu permanência na mais alta roda da bola ao cesto mundial, onde o nome de Angola está inscrito há duas décadas. Japão2006 será o quinto campeonato do mundo. Desde a estréia em 1986, a selecção nacional só falhou uma edição (1998), por ter interrompido o ciclo de vitórias no Afrobasket na edição de Dakar 1997.
Desta forma, a direcção da federação concretiza um dos seus objectivos, que é manter o país nos principais palcos mundiais da modalidade. É nesta senda, aliás, que se candidatou à organização da próxima edição da prova, que apura o representante do continente aos Jogos Olímpicos Pequim2008.
O seu histórico competitivo, a capacidade organizativa demonstradas nas duas vezes que albergou o campeonato (1989, 1999), aliados a uma proposta que oferece facilidades jamais vistas em eventos do género foram argumentos pesados de mais para o único concorrente (Mali). A Fiba-África atribuiu ao país a organização do Afrobasket2007, que qualifica o representante do continente aos Jogos Olímpicos Pequim2008.
Convindo promover e expandir a prática da modalidade, no âmbito da sua proposta durante a fase eleitoral, há planos de levar a prova a quatro províncias. A primeira vez (1989) apenas Luanda recebeu o campeonato. Na segunda, já foram duas cidades com a inclusão de Cabinda. Desta, para albergar as 16 equipas, pretende-se fazer as preliminares em quatro.
A nível interno, o destaque vai para a anunciada alteração dos moldes de disputa do campeonato nacional sénior masculino. A partir da próxima edição, será abolido o sistema de playoff e em substituição será lançada uma prova de quatro etapas no sistema de todos contra todos.
A federação justifica a alteração com a necessidade de dar o mesmo número de jogos a todos os intervenientes.
O desempenho federativo ficou manchado pela prestação da selecção feminina, que ficou na sexta posição do campeonato africano quando o objectivo era melhorar a quarta posição da edição anterior. Dificuldades na preparação e indisponibilidade de algumas peças importantes do conjunto foram apontadas como causas do fracasso.
O ano findo confirmou o domínio do 1o de Agosto que arrebatou pela sexta vez consecutiva o campeonato angolano. Por outro lado, manteve o "desnorte" do potencial oponente Petro de Luanda (estreou o quinto treinador em seis anos), e assinalou o ascendente do Interclube, que atingiu a final dos playoff.
A formação da polícia foi a equipa do ano ao disputar também a final na estreia na taça de África dos clubes campeões, em detrimento do então bi-campeão continental (1o de Agosto), que teve de conformar-se com o terceiro posto, e do Petro de Luanda (quinto).
Em 2006, Gustavo Conceição, cujas qualidades e perfil valeram a também a presidência do Comité Olímpico Angolano e o cargo de secretario geral da ACNOA (Associação dos Comités Nacionais Olímpicos de África), tem de preparar a "casa" para receber o Afrobasket.
Para isso, será teste importante o campeonato do mundo para militares que o país vai albergar em Agosto próximo.
Deverá ainda corrigir as assimetrias entre o masculino e feminino e assegurar o êxito dos novos moldes de disputa do Nacional de seniores.
A continuação da modernização e actualização da instituição e dos regulamentos de prova serão tarefas para 2006, ano em que a Federação deverá participar na criação de condições para o nascimento da já tão comentada liga do basquetebol.


(Por Pedro da Ressurreição)

1 Comments:

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