CABO VERDE : Polémica: Federação suspende nacional de basquetebol
Está lançada a polémica no basquetebol nacional. A Federação Cabo-verdiana da modalidade foi obrigada a suspender os jogos de atribuição do terceiro lugar (Académica x Preguiça) e da final (Bairro x Seven Stars), que deveriam acontecer este domingo no gimnodesportivo Vavá Duarte. Motivo? A Académica de São Vicente apresentou um protesto alegando que o Bairro utilizou de forma irregular o base norte-americano Kevin Charles Swiggett no jogo das meias-finais em que a equipa do Mindelo perdeu por um ponto: 90-89. Seven Stars e Preguiça também protestaram, negando-se a jogar esta fase final. A FCBB esteve reunida onde à noite e deverá reagir oficialmente esta segunda-feira em conferência de imprensa.
A discórdia começou no sábado, antes do do jogo das meias-finais. A Académica do Mindelo alertou para a existência de jogadores inscritos de forma irregular e jogou sob protesto. No domingo de manhã, apresentou um protesto junto da FCBB, alegando a utilização irregular do base norte-americano Kevin Charles Swiggett.
Os comandados de Kula exibiam uma deliberação assinada pelo Secretário Geral da FCBB, António Filomeno Costa, datada de 23 de Julho, à qual o asemanaonline teve acesso e que já está a circular nas redes sociais, que indeferiu o pedido para a inscrição do jogador de nacionalidade norte-americana, “em fase ao disposto no artigo 30º nº 2 do Regulamento Geral das Provas”.
Mas Kula diz que o jogador foi inscrito e ajudou os canarinhos a alcançar a vitória. Parco em palavras, o técnico disse ainda aos jornalistas que a sua equipa conversou com a FCBB, que achou por bem suspender o nacional por tempo indeterminado. “Não tenho nenhum prazer nisso”, desabafa Kula, que assim recusou-se a jogar com a Preguiça para atribuição do 3º e 4º lugares.
Quem também não poupa nas críticas é Francisco Livramento, presidente do Seven Stars. Em conversa com asemanaonline no meio da confusão que se gerou à frente do gimnodesportivo, começa por clarificar que todos os atletas têm que ser inscritos nas associações regionais e que as inscrições fecham no dia 31 de Maio. Quanto aos que militam no estrangeiro, como são os casos de Joel e Ivan Almeida, Denis e Braima Freire, o dirigente diz que podem jogar, mediante um certificado internacional.
Quanto a Kevin Charles Swiggett, avança que a sua inscrição é contra o regulamento da FCBB, que diz que um jogador estrangeiro tem que estar inscrito até 31 de Janeiro, mas que em nenhum momento pode ser feito directamente na federação, mas sim nas associações regionais. “E o mais grave é que foi inscrito no decorrer do nacional”, protesta o presidente do Seven Stars, que vai mais longe dizendo que o jogador foi utilizado à força. “O Bairro não tinha hipótese de ganhar à Académica sem este jogador”, entende.
Sobre outra data para a final, Francisco Livramento diz que o Seven Stars ainda vai estudar essa possibilidade, uma vez que acarreta custos para a equipa. “Esta é uma mancha que fica na Federação de Basquetebol. Vamos aguardar serenamente, mas já estragaram este campeonato, por causa da incompetência, falta de fair-play e vontade de ganhar a qualquer custo”, desabafa Livramento, dizendo que alguém terá de responder por este “erro feio”.
Por sua vez, o dirigente do Bairro, José Semedo, diz que vai apresentar os documentos do Conselho Jurisdicional que revogam a deliberação da Direcção da FCBB, e provar que o seu jogador está legalmente inscrito. Mas entende que se o Bairro não tiver razão, será penalizado com derrota, neste caso que se assemelha ao que aconteceu no futebol, quando a Guiné Equatorial utilizou um jogador de forma irregular e a vitória foi para Cabo Verde na secretaria. Sobre outra data para a realização da final, o dirigente deixa entender que o Bairro já não vai jogar.
Da parte da FCBB, o presidente Kitana Cabral, visivelmente transtornado, confirmou a suspensão do nacional e informou que dará uma conferência de imprensa esta segunda-feira para explicar os meandros deste caso que apanhou de surpresa toda a gente, inclusive os adeptos, que se amontoaram à frente do Gimno indignados com a falta de informação.
Kitana Cabral garante ainda que agora se vai concentrar nos preparativos da selecção para o Afrobasket, pelo que as equipas vão regressar às respectivas ilhas até à marcação de outra data para a realização dos dois jogos que faltam do nacional. Mas esta é uma história que vai dar muito que falar, uma vez que ainda há alguns pontos que a própria federação não respondeu.
O asemanaonline sabe ainda que as associações regionais da modalidade estiveram reunidas no sábado, na Praia, e esta segunda-feira deverão entregar uma proposta na FCBB para alterar os regulamentos que dão aos clubes o privilégio de inscreverem pelo menos dois jogadores "estrangeiros e profissionais" no nacional de basquetebol. Caberá agora ao órgão máximo marcar uma Assembleia Geral Extraordinária no prazo máximo de 30 dias para discutir este assunto.
Ricardino Pedro
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