Africa Basquetebol

21 dezembro 2011

MOÇAMBIQUE : LIGA NACIONAL DE BASQUETEBOL EM SENIORES MASCULINOS: Adiado ano “alvi-negro”

OS sucessos em cadeia registados pelo Desportivo ao longo da temporada basquetebolística na capital, aliados a exibições de grande classe e protagonizadas por uma formação altamente competitiva, nada faziam prever que, no rescaldo do ano, os “alvi-negros”, afinal, acabariam por sair pela porta pequena.
Salvo algumas excepções, o Desportivo tem primado por uma impressionante regularidade ao longo da época, o que o coloca, invariavelmente, como principal candidato à conquista do título nacional. No caso específico deste ano, a harmonia que se estabeleceu no seio da equipa cristalizou ainda mais a ideia de que a equipa de Horácio Martins chegaria, finalmente, ao almejado “canecão”.
É verdade que na Liga Nacional de Basquetebol não conseguiu o primeiro lugar na sua série, ao perder com o Ferroviário do Maputo, no entanto, quando mas meias-finais se sobrepôs ao Maxaquene, no sempre apetecível “derby” entre os vizinhos, as esperanças da conquista do ceptro se avivaram ainda mais, ou não fosse uma oportunidade soberana de se vingar do seu “carrasco” nos jogos da primeira fase.
Porém, nos decisivos 40 minutos do domingo transacto, Amarildo Matos, David Canivete Jr., Igor Matavele, Pio Matos Jr., Moussa Mbaye e companhia foram impotentes diante do basquetebol prático e eficiente do Ferroviário.

Classe de Amarildo
Nas ocasiões em que, ainda no estrangeiro, era convidado a envergar o “jersey” do Maxaquene nas competições africanas, Amarildo Matos não chegava a brilhar e nem sequer se assumia como uma unidade desequilibradora. Este ano, em particular, o irmão mais velho de Augusto e Pio Matos Jr. teve tudo para efectivamente ser uma estrela cintilante. E cintilou mesmo!
Primeiro, foi na selecção, no decorrer dos Jogos Africanos, e depois agora, na Liga Nacional de Basquetebol. Na final, Amarildo carregou o Desportivo nas costas: defendeu, atacou, fez assistências, teve roubos de bola, marcou – no total, foram 23 pontos – e, inclusive, teve a possibilidade de alterar o rumo dos acontecimentos, mesmo sobre a buzina. É verdade que, no cômputo geral do campeonato, o melhor jogador foi o jovem “locomotiva” Ermelindo Novela, porém, Amarildo foi a melhor unidade em campo no embate decisivo.
Com Igor Matavele indeciso devido ao número de faltas, razão para a sua não empolgância, David Canivete Jr., tal como se impunha, evidenciou o seu virtuosismo, entregou-se à luta, ganhou ressaltos e marcou muitos pontos, todavia, incapaz de fazer a diferença que era necessária para travar o ímpeto “locomotiva”.
Pio Matos, com as suas perfurações em voo, procurou chegar lá, mas a defesa do Ferroviário mostrava-se implacável, ou não tivesse aquelas “torres” prontas para todas as encomendas. Resultado: viu-se obrigado a jogar praticamente fora da zona crucial, cometendo o haraquiri de lançar tudo para os três pontos, porém, debalde.
E debalde, realmente, acabou sendo este ano, “a priori” tido como do Desportivo. Os “alvi-negros” primaram pela regularidade em todas as competições. Registaram sucessos em todas, só que, na hora da verdade da principal prova do país, falharam. Um falhanço que poderá resvalar para um desânimo no seio dos jogadores, uma vez que, sempre que se pensou que iam ganhar, acabam perdendo.
Trata-se de uma geração “alvi-negra” que, apesar da sua reconhecida classe e de um basquetebol todo ele bem aprimorado, não consegue alcançar o mais importante – Campeonato Nacional –, contentando-se com o “supérfluo”: Campeonato da Cidade, Taça Maputo, Torneio de Abertura e outras provas de menor quilate. Horácio Martins, como jogador e como treinador, já foi várias vezes campeão nacional, mas estes seus jogadores correm o risco de eternamente morrerem na praia…
ALEXANDRE ZANDAMELA