MOÇAMBIQUE : NACIONAL DE FEMININOS - Trabalho fez a diferença
APESAR da acérrima rivalidade que caracteriza a nossa bola-ao-cesto, com particular incidência no seio dos treinadores, onde, inclusive, alguns deles nem sequer se falam, fragilizando assim a união da classe, o Campeonato Nacional de Seniores Femininos trouxe uma singularidade pouco comum entre nós: o reconhecimento unânime de que o título ganho pelas “alvi-negras” é fruto do seu trabalho, tanto em termos de qualidade como da quantidade de horas que por dia Nazir Salé e suas jogadoras dedicam ao basquetebol.Maputo, Terça-Feira, 8 de Fevereiro de 2011:: Notícias
Mesmo reconhecendo que, provavelmente, do ponto de vista da qualidade dos intervenientes, formações como Ferroviário, A Politécnica e o ressuscitado Maxaquene poderiam se confrontar sem grandes diferenças competitivas com Anabela Cossa, Leia Dongue, Valerdina Manhonga, Odélia Mafanela, Cátia Halar, a debutante Inguivild Mucauro e companhia, no entanto, a verdade manda dizer que estas, mercê do seu aprofundado trabalho, acabam fazendo a diferença, sobretudo no que diz respeito à componente física, de sincronização dos movimentos e de coesão da equipa.
Por exemplo, no desafio frente à A Politécnica, para as meias-finais, a uma dada altura da contenda, as “universitárias” lograram uma aproximação ameaçadora no marcador, ao diminuírem a desvantagem para apenas um ponto (59-58), só que, na embalagem final, enquanto Aleia Rachide, Ana Flávia Azinheira e suas pares se ressentiam da velocidade que o jogo havia atingido, as “alvi-negras” evidenciavam uma frescura fora de série e com extraordinário conhecimento mútuo existente no grupo, praticamente de olhos vendados fizeram a vitória sem se queixar.
Aliás, o mesmo aconteceu na final, face ao rival Ferroviário. É verdade que cedo o Desportivo ditou as regras do jogo de forma destemida, quando chegou aos 15-1, mas as “locomotivas”, em determinados momentos, encetaram uma aproximação, porém, sem um fio de jogo consequente e nem tão pouco com pedras à altura de desfazer o nó “alvi-negro”. Deolinda Gimo e Zinóbia Machanguana bem tentaram, mas estava completamente difícil; as “águias” conhecem a cartilha de cor e salteado.
Na gala do basquetebol, uma inovação de Francisco Mabjaia e seus colegas da federação, o rescaldo do Campeonato de Seniores Femininos dominou as conversas dos convivas, unânimes em reconhecer o mérito do triunfo do Desportivo e, em particular, o conceito de muito trabalho que Nazir Salé incute às suas atletas, hoje inquestionavelmente as melhores do país.
Aliás, entrevistado após selar o “tri”, na sequência da vitória sobre o Ferroviário por 67-43, o técnico do Desportivo reconheceu esta realidade, ao afirmar que o título era fruto de muito trabalho e, acima de tudo, de uma grande coesão do grupo. Segundo Nelito, o facto de a sua equipa treinar, mais comparativamente às outras, pesou bastante na revalidação.
“Trabalhamos cinco horas por dia. Ora, isso faz a diferença e penso ser notável no índice de competitividade e no entrosamento das jogadoras, sublinhou o técnico campeão nacional, acrescentando que agora é momento de a família “alvi-negra” desfrutar de mais esta conquista e começar a preparar a próxima época.
A capitã ValerdinaFOMOS SUPERIORES
Maputo, Terça-Feira, 8 de Fevereiro de 2011:: Notícias
INDUBITAVELMENTE, o domínio intramuros é “alvi-negro”. Aliás, mesmo ao nível continental, o Desportivo é bem conhecido, ou não fosse bicampeão africano. Em relação ao Campeonato Nacional, orgulhosas, as atletas afirmam que foram superiores, daí a sua vitória não sofrer qualquer contestação.
A capitão Valerdina Manhonga classifica a prova como tendo sido boa, pois todas as equipas se bateram bem, mas o Desportivo foi claramente superior e justificou o triunfo. “Treinamos muito para obter bons resultados e a conquista deste título é o corolário do empenho diário de todas nós nos treinos”, frisou.
Mesmo assim, e contrariamente ao que alguns pensam, a vitória não foi nada fácil, conforme refere Dina. “Tivemos que nos esforçar para vencer. É verdade que ganhámos por margens folgadas, porém, foi necessário lutar em campo para provar a nossa superioridade”.
Valerdina, eleita Melhor Base de 2010, sugeriu aos responsáveis pela modalidade para que pensem na criação de uma Liga Feminina, à semelhança do que acontece com os masculinos. “O básquete feminino iria ganhar mais interesse e o nível competitivo também aumentaria”, concluiu.
Por seu turno, a pequena-grande jogadora Anabela Cossa disse que a sua formação se portou bem do princípio até ao fim, mas, face a um adversário como o Ferroviário, foi necessária muita concentração, tendo acabado por dominar por completo a contenda.
Para Anabela, MVP e Melhor Triplista do Ano, um dos factores-chave que contribuiu para o sucesso do Desportivo foi o respeito pelas adversárias. “Encarámo-las da mesma forma, pensamos jogo a jogo e acabámos ganhando com toda a justiça”.
Considerando A Politécnica como a turma que mais resistência ofereceu, visto terem ganho por menos pontos, Anabela faz uma avaliação positiva da época. “Conquistámos todas as provas internas. Teria sido bom se tivéssemos ganho também o título africano”.
Odélia Mafanela, que veio da Beira e pedra a pedra construiu o seu espaço no disputado time “alvi-negro” e na selecção, diz que é errado se pensar que o Desportivo teve a vida facilitada, pois seria tirar mérito à sua vitória. “Estivemos sempre concentradas, melhor que as outras e assim tornámos os jogos fáceis”, contou.
Para Odélia, Melhor Defensora do Ano, só faltou às “alvi-negras” conquistar a Taça dos Campeões de África para fecharem a época com chave de ouro. “Dominámos internamente, mas faltou-nos conquistar o título africano para atingirmos a perfeição”.
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