MOÇAMBIQUE : CAMPEONATO DE SENIORES DA CIDADE - Super habilidade “alvi-negra em 20 segundos dramáticos
SE no futebol, conforme temos vindo a testemunhar em diferentes competições pelo mundo fora – e o mais recente e paradigmático caso é o do empate do Barcelona frente ao Chelsea, quarta-feira transacta – os últimos segundos são preciosíssimos e disputados até à medula, imagine-se na bola-ao-cesto, em que cada segundo realmente vale ouro. Pois, no sábado, tivemos um caso típico desta realidade, na segunda jornada do Campeonato de Basquetebol da Cidade de Maputo em Seniores Masculinos. No duelo de gigantes entre Desportivo e Ferroviário, a escassos 20 segundos registava-se uma igualdade (76-76) que somente prenunciava um prolongamento.
Só que, no confronto entre a super habilidade “alvi-negra” e os imperdoáveis erros cometidos pelos “locomotivas”, veio ao de cima o primeiro facto, proporcionando-lhe um inestimável triunfo por dois pontos – 78-76.
A forma como se desenrolou este encontro constitui, indiscutivelmente, o exemplo mais eloquente dos grandiosos espectáculos que se vivem na prova citadina, mormente na Série A, onde se aglutinam os colossos. Desportivo e Ferroviário foram um autêntico “show” na noite de sábado, oferecendo ao numeroso público que acorreu ao pavilhão dos “alvi-negros” períodos verdadeiramente memoráveis. O basquetebol maputense está novamente a ganhar notoriedade, interesse e referências de vulto. Não somente pela forma como está sendo organizado – com a devida vénia ao elenco de Carlos Lima (Chicha) – mas também, e sobretudo, porque os artistas decidiram de facto jogar básquete.
À beira do final da primeira volta, não há campeão e nem há perspectivas de quem poderá ser. É verdade que o Desportivo, mercê de um time com uma estrutura basquetebolística que marca a diferença, semeia excelentes perspectivas e também razões para sem qualquer discussão subir ao trono, no entanto, os argumentos apresentados pelo Ferroviário, nomeadamente neste desafio, revelam-nos que a discussão será travada até às últimas consequências. Maxaquene e Costa do Sol, no segundo degrau da escada, certamente que também não quererão deixar os seus créditos por mãos alheias, lutando pelo título até à última gota do sangue.
COM O CREDO NA BOCA
No frente-a-frente entre as formações treinadas por Carlos Ferro e Carlos Alberto Niquice, o equilíbrio foi a nota dominante e o desfecho imprevisível. Ambos os conjuntos apresentavam razões para chegar ao triunfo, não de espantar, pois, o empate com que se entrou nos fatídicos derradeiros 20 segundos. “Todo o mundo” já estava convencido de que a decisão apenas aconteceria nos cinco minutos suplementares, quando o campeão, Ferroviário, com erros fatais de Hermelindo Novela e Jerónimo Bispo, permite ao Desportivo uma excelente vitória (78-76) na conversão de dois lances livres.
Um final dramático vivido com o credo na boca, tanto nas quatro linhas como nas bancadas. Um epílogo dramático que vincou de forma expressiva o magnífico espectáculo proporcionado por jogadores que desde a primeira hora mostraram o desejo de vencer esta contenda, em particular, como se de uma final de campeonato se tratasse. Os “alvi-negros” festejaram efusivamente. E fizeram-no não porque conquistaram a prova, mas porque a sua vitória teve um sabor especial, a avaliar pela forma intensa, explosiva e imprevisível como o desafio decorreu.
Na noutra partida, igualmente interessante, Maxaquene derrotou Costa do Sol pela marca de 66-65, portanto, um ponto de diferença que caracteriza o equilíbrio de forças durante os 48 minutos da contenda (12 minutos cada período).
Desportivo comanda com quatro pontos, contra três do Ferroviário e do Maxaquene e dois do Costa do Sol.
Na Série B, a Académica vai passeando a supremacia, somando por vitórias os três encontros disputados, dois dos quais no pretérito fim-de-semana, no início das jornadas duplas. Venceu a Universidade Pedagógica por 55-45 e Eagles pela marca de 99-50, ficando a apenas um ponto da centena.
Digno de realce é o regresso à bola-ao-cesto de Raul Machanguana, que jogou pela Conseng, apresentando-se agora com a camisola da Real Sociedade, que bateu o Eagles por 99-67, “poupando-se” também dos 100 pontos.
INCRÍVEL: EAGLES MARCA APENAS TRÊS PONTOS!
Os mais velhos aficionados do básquete certamente que ainda se recordam da histórica vitória do Maxaquene, em seniores masculinos, frente ao Beira-Mar por 224-4. Volvidos muitos anos, e agora em femininos, o bicampeão africano, Desportivo, também decidiu entrar no livro de recordes, com uma extraordinária “goleada” perante as estreantes meninas do Eagles pela marca de 162-3. É isso mesmo: o Eagles, em 40 minutos, apenas marcou três pontos.
Evidentemente que para as “alvi-negras”, habituadas a um basquetebol de outra galáxia, foi um autêntico passeio, mas, para as jogadoras do Eagles, não se imagina o esforço e o suar da camisola para conseguir esses “preciosos” pontos. Não se imagina, igualmente, a sua satisfação em actuar perante as estrelas do Desportivo, cujo nível é indiscutivelmente continental. De qualquer das formas, julgamos que se as moças do Eagles forem de facto perseverantes e entenderem que estas estrondosas derrotas fazem parte do próprio processo de nascimento e de crescimento, quem sabe se um dia não serão referências da selecção…
A par do Desportivo, também APolitécnica A anda pela centena de pontos: 160-22 à Académica e 100-47 ao Maxaquene. Aquelas duas equipas seguem à frente com seis pontos cada.
QUADRO DE RESULTADOS
SENIORES MASCULINOS
Ferroviário-Desportivo 76-78
Maxaquene-Costa do Sol 66-65
Real Sociedade-Eagles 99-67
Académica-UP 55-45
Eagles-Académica 50-99
UP-Aeroporto 64-66
SENIORES FEMININOS
Académica - APolitécnica A 22-160
Maxaquene - Desportivo 31-82
Ferroviário - APolitécnica B 80-51
APolitécnica B - Académica 89-34
APolitécnica A - Maxaquene 100-47
Desportivo - Eagles 162-3
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