Africa Basquetebol

06 dezembro 2007

MOÇAMBIQUE : Rescaldo do Nacional de Básquete Sénior Masculino : Locais caíram de pé

CRIOU-SE um mito em Sofala, particularmente na sua capital, Beira, do bairrismo e quando se cria um mito torna-se terrivelmente dificil destrui-lo sobretudo quando nalguns casos, como na vertente situação, as circunstâncias parecem confirma-lo, pois o Ferroviário local em basquetebol sénior masculino acabou provando que, mesmo sem competitividade acima do da capital do país, era possível lutar pelo melhor resultado num campeonato nacional. Sendo assim, os “locomotivas” de Maputo foram os únicos que conseguiram levar de vencida a turma do “Chiveve”, depois da vitória desta sobre os outros três potenciais concorrentes, nomeadamente Maxaquene, Desportivo e Académica. O bairrismo beirense foi demonstrado de forma positiva desde os jogos da primeira fase até ao tombo no derradeiro embate entre os maputenses e os homens das bandas do “Chiveve”.

A Beira, na indiscutível situação de segunda capital do país, deve(ria) ser também indiscutivelmente imbatível como gozando deste estatuto pelo menos no desporto.

E se houve esse bairrismo isso não passou de uma atitude sintomática e normal embora se tenha considerado extremo, antipático e quase agressivo em apenas poucos minutos na partida entre o Ferroviário local e o Desportivo de Maputo, para a última ronda da fase de grupos. Quer dizer, no nosso entender, foi uma posição tomada por um e outro dirigente afectos aos “locomotivas” ou, assim mesmo, pelos bairristas a partir de uma série de factos que a ela tinha de levar.

A começar pelas séries podemos até dizer que o Grupo “A” era o que tinha menos equipas e, também, teoricamente fácil, pois apenas o Ferroviário de Maputo e Aacdémica é que estavam em condições de transitar para a outra fase o que, de facto, acabou acontecendo. Os outros dois, designadamente o Desportivo da capital de Sofala e a Liga Muçulmana de Inhambane eram apenas “fauna” acompanhante, o que acabou se concretizando com os dois a transitarem para as meias-finais sem grandes esforços.

No outro, o “B”, era no que potenficavam três grandes equipas transformando-se, por isso, no “grupo da morte”. Maxaquene e Desportivo, ambos de Maputo, juntaram-se aos “locomotivas” da Beira, Velhas Glórias de Chimoio e Académica de Songo, sendo que estes dois últimos acabariam por lutar entre si para melhor posicionamento entre eles, acabando por ser a equipa de Jorge Tomé a levar a melhor deixando os homens da terra da Hidroeléctrica de Cahora Bassa para trás.

PRIMEIRA JORNADA

A primeira jornada do certame trouxe ao de cima algumas verdades da “bola-ao-cesto” nacional na categoria de sénior masculino. O Ferroviário da Beira ganhou de forma copiosa no seu confronto diante dos “estudantes” do Songo por 121-40, demonstrando claramente qual o fuso de diferença existente entre as duas equipas. As outras diferenças verificaram-se nos jogos seguintes, ou seja, Académica, Desportivo e Ferroviário todos da capital do país sobrepuseram-se aos seus adversários Liga Muçulmana de Inhambane, Velhas Glórias e Desportivo da Beira por convicentes 81-47, 85-40 e 89-55, respectivamente.

SEGUNDA JORNADA

No Grupo “A” calhou que logo na segunda jornada os dois principais candidatos, nomeadamente Ferroviário de Maputo e Académica, também da capital, se batessem entre si, o mesmo que aconteceu na outra série com dois dos potenciais candidatos, nomeadamente Desportivo de Maputo e Maxaquene. Enquanto os “estudantes” sucumbiam diante do seu adversário por 56-67, os “alvi-negros” de Carlos Ferro também perdiam diante dos “tricolores” por uma diferença de apenas quatro pontos (59-63), numa jornada em que um dos representantes da cidade anfitriã, o Ferroviário, quase chegava à segunda “chapa-100” acabando por vencer as Velhas Glórias por 98-61, enquanto a Académica de Songo ficou de fora por o grupo possuir um número ímpar de equipas (cinco).

TERCEIRA JORNADA

O primeira grande teste dos “locomotivas” de José Delfino aconteceu numa segunda-feira, na terceira ronda diante do Maxaquene de Horácio Martins. O pavilhão ficou sem espaço para tanta ansiedade dos amantes desta modalidade alguns dos quais acabaram por sair com a voz rouca de tanta gritaria em apoio aos “locomotivas”. Aí veio mais uma vez o bairrismo dos beirenses puxando pelos locais do princípio até ao fim. No final da partida respirou-se fôlego, pois os locais ganharam por 82-79. No mesmo dia também o Desportivo do “Chiveve” obteve a sua primeira e única vitória no certame batendo a Liga Muçulmana de Inhambane por 86-46, enquanto as Velhas Glórias, à semelhança dos beirenses também conseguiram a sua primeira e única vitória vencendo a Académica de Songo por 81-65.

QUARTA JORNADA

O Ferroviário, que viria a revalidar o titulo de campeão nacional, cometeu a proeza de atingir a “chapa-100” nesta ronda ao ganhar por 100-45 diante da frágil formação de Inhambane, no dia em que o Maxaquene quase que também atingia a mesma marca tendo vencido por 96-34 à Académica de Songo. Esses resultados pouco ou nada diziam ao público beirense pois a grande batalha estava por vir às 20 horas quando desceu o Ferroviário para defrontar o Desportivo da capital do país, naquilo que era o jogo de “vida ou morte” para ambos os conjuntos. No final, os locais levaram a melhor por uma diferença de sete pontos (62-55) baqueando, então, o combinado de Carlos Ferro ante a previsão de também chegar à final.

QUINTA JORNADA

Esta foi a última ronda do evento com o combinado local do Ferroviário da Beira já qualificado pela série “B” juntamente com o Maxaquene, enquanto na outra a luta era entre o Desportivo da capital de Sofala e Académica de Maputo por um lugar que ainda sobrava para as meias-finais, já que o outro, o Ferroviário de Maputo, já havia garantido o primeiro lugar. No final os “estudantes” de Saúl Mbaze e Miguel Guambe venceram de forma convincente por 82-57. Enquanto isso, o Desportivo alcançou mais uma “chapa-100” do evento batendo a Académica de Songo por 126-47 e o Maxaquene obteve uma vitória fácil diante das Velhas Glórias por 77-51.

A GRANDE FINAL

Quando as equipas do Ferroviário de Maputo e Académica, também da capital do país qualificaram-se pelo Grupo “A” e Ferroviário da Beira e Maxaquene pelo “B”, tudo levava a crer, tendo em conta as prestações dos dois “locomotivas”, que a final seria entre os dois o que acabou se verificando. Nas meias-finais, a Académica baqueou diante dos beirenses por 55-42 e o Maxaquene sucumbiu frente ao Ferroviário de Maputo por 58-59. Na partida da final, depois de um início bastante promissor que fazia antever uma partida renhida até ao último minuto, eis que os comandados de Carlos Niquice conseguem aproveitar-se das falhas do seu contrário agravadas pelo insucesso nos lances, chegando a dilatar o marcador no final do terceiro período para uma diferença de 13 pontos (34-37) e de 16 pontos já no final (61-45).

OS ROTULADOS

No final da prova, a satisfação era evidente nas hostes dos “locomotivas” de Maputo enquanto no seu adversário, apesar da derrota, também se notava algo de satisfação se se atender que quedou-se em segundo depois de ter entrado para a prova em desvantagem em termos de competitividade que os clubes da capital do país. Também satisfeitos estiveram o base dos “locomotivas” beirense André Velasco, ou simplesmente Papaito, que ganhou dois prémios, nomeadamente o de melhor jogador e de melhor marcador do evento, tendo como fruto disso ganho duas taças e um valor de 7500 meticais, enquanto Custódio Machate poste do Ferroviário de Maputo foi eleito melhor ressaltador com uma média de 6,8 ressaltos por jogo cabendo-lhe uma taça e 2500 meticais.

Os dois atletas mostraram-se bastante satisfeitos pela conquista dos prémios realçando que vão trabalhar ainda mais para não só dignificarem os louros mas, acima de tudo, crescerem em busca de mais galardões.

* ANTÓNIO JANEIRO