MOÇAMBIQUE : AFROBÁSQUETE SENEGAL-2007: Super-damas prometem emoções contagiantes

UM mês depois de Angola, África basquetebolística tem novamente motivos para se deleitar com fortes e contagiantes emoções oferecidas por esta modalidade. Desta vez, joga-se no feminino, com as super-damas que estarão no palco senegalês a prometerem jornadas bastante espectaculares. E há motivos extremamente fortes para o efeito: é que, para além da conquista do título continental em si, neste Afrobásquete haverá um outro aliciante, nomeadamente a qualificação para os Jogos Olímpicos de Beijing-2008, em relação à qual a selecção moçambicana apresenta-se como uma das fortes candidatas. A competição conhece a sua abertura esta noite, através de um embate opondo as anfitriãs à Costa do Marfim.

É verdade que, se nos guiarmos por aquilo que reza a tradição, as maiores atenções estarão concentradas nas formações do Senegal e da Nigéria, que vêm disputando entre si a hegemonia continental na “bola-ao-cesto” feminina, depois de uma inexplicável descida a pique da RD Congo. No entanto, a realidade mostra que novos conjuntos entram no grupo das candidatas, aumentando assim o leque de imprevisibilidade quanto ao vencedor da prova. Neste degrau, perfilam Moçambique, Angola e essa surpresa que dá pelo nome do Mali, que, depois de o seu clube de referência, o Djoliba, ter ganho a Taça dos Campeões, iniciou uma autêntica ascensão, sendo hoje uma ameaça aos colossos.

Aliás, à semelhança da Nigéria, que tem jogadoras nos Estados Unidos da América, e do Senegal, cujas estrelas fazem furor na França, o Mali conseguiu, nos últimos anos, colocar atletas suas em campeonatos europeus, facto que proporcionou à respectiva selecção ganhos extraordinários. Basta recordar, por exemplo, aquilo que as malianas Sub-20 foram no Campeonato Africano disputado em Dezembro passado, em Maputo.

Contrariamente ao incontestável brilho dos seniores masculinos, que praticamente já não têm adversário nas fronteiras continentais, Angola, em femininos, ainda não conseguiu atingir equiparável àqueles. Para além de nunca ter ganho um título, as suas aparições no grupo dos três medalhados são raríssimos. Porém, com um notável trabalho levado a cabo nos últimos anos, os frutos já estão a aparecer. O 1º de Agosto é o campeão africano de clubes e a selecção ganhou a medalha de bronze nos Jogos Africanos de Argel, tendo derrotado Moçambique em duas situações.

POTENCIAL MOÇAMBICANO

Medalha de prata no seu terreno, em 2003, e de bronze em Abuja, dois anos depois, em ambas as ocasiões sob a batuta do técnico americano Nelson Isley, a nossa selecção aporta Dacar disposta a exibir-se ao mais alto nível e lutar pelo título. Todas as jogadoras possuem uma grande experiência internacional, com passagens em campeonatos continentais, provas de clubes, Jogos da Commonwealth e Jogos da Lusofonia – nesta última prova conquistaram a medalha de outro, em Macau.

Nazir Salé e Simão Mataveia, a dupla técnica, para além de um conhecimento mútuo, a partir da condução de selecções em vários momentos, conhecem perfeitamente esta geração de atletas, daí poderem dirigi-las com propriedade. O estágio em Portugal, mais concretamente em Rio Maior, correu dentro das expectativas dos treinadores, com a particularidade de os jogos terem produzido um saldo positivo: duas vitórias e uma derrota.

No estágio, não foi possível contar com as referências Clarisse Machanguana e Deolinda Ngulela, a primeira a jogar na Itália e a segunda nos Estados Unidos, que somente se juntarão à equipa em Dacar. Esta, segundo estava previsto, terá chegado à capital senegalesa durante o dia de ontem.

Das 12 jogadoras levadas para o estágio, o seleccionador dispensou Ondina Nhampossa e Vaneza Júnior, levando para o “teatro das operações” Carla Silva, Rute Muianga, Deolinda Gimo, Aleia Rachide, Iracema Ndauana, Nika Gemo, Ana Branquinho, Nádia Rodrigues, Anabela Cossa e Valerdina Manhonga, para além das “estrangeiras” Clarisse e Deolinda.

O Afrobásquete-2007 em Seniores Femininos inicia-se esta noite, com o embate entre Senegal e Costa do Marfim, em Dacar, a contar para o Grupo “A”. A jornada inaugural completa-se amanhã, altura em que Moçambique entrará em acção, tendo pela frente Madagáscar, com Mali e Tunísia a completarem a série. Para o Grupo “B”, em Thiès, terão lugar os encontros Nigéria-Camarões, Quénia-Angola e Cabo Verde-RD Congo.