MOÇAMBIQUE : Taça dos Campeões de África: Maratona da “bola-ao-cesto” promete espectacularidade

SERÁ uma verdadeira maratona da “bola-ao-cesto”! Num espaço de somente uma semana, realizar-se-ão jogos para todos os gostos. No total, estão previstas 50 partidas, envolvendo as melhores equipas da região austral do continente. Será assim, pois, a fase de qualificação da Taça dos Campeões de África em Basquetebol de Seniores Masculinos e Femininos, a ter lugar entre os dias 11 e 18 de Junho e que fará de Maputo uma cidade essencialmente virada para esta modalidade querida pelos moçambicanos. A competição promete muita espectacularidade e, entre nós, reside a nobre esperança no apuramento para a etapa decisiva, daí a plena confiança na capacidade dos nossos representantes, designadamente Ferroviário de Maputo e Ferroviário da Beira, no primeiro caso, ISPU e Desportivo, no segundo.

A organização da prova está sendo cuidada até ao pormenor por parte da equipa multidisciplinar criada para o efeito, integrando a Federação Moçambicana de Basquetebol e os representantes dos quatro clubes envolvidos. Enquanto se aguardam por algumas confirmações de última hora, cujo prazo-limite expira amanhã, vão sendo verificadas questões ligadas à logística, nomeadamente alojamento, transporte, protocolo, policiamento, assistência médica, entre outras julgadas pertinentes.

As estimativas, neste momento, apontam para um total de 21 formações, sendo 11 de masculinos e dez de femininos. Em relação ao primeiro escalão, aos Ferroviários de Maputo, campeão nacional, e da Beira, vencedor da Taça de Moçambique, juntar-se-ão o Petro Atlético de Luanda, campeão africano em título, e 1º de Agosto, ambos de Angola, JBC Bask Club e Kingdom Cavaliers, do Zimbabwe, Troppers, do Botswana, Hetro Bullets e Napsa Hurricanes, da Zâmbia, assim como os dois representantes da África do Sul. Em femininos, ISPU, vice-campeão nacional, e Desportivo, na qualidade de convidado, enfrentarão o 1º de Agosto, detentor do ceptro, e Inter de Luanda, campeão angolano, Universidade de Pretória, da África do Sul, Varsity Leopards e JBC Basketeball, do Zimbabwe, BDF, do Botswana, Nets, da Zâmbia, e ainda um time sul-africano por confirmar.

MAGIA ANGOLANA

Em masculinos, e à semelhança do que sucedeu há três anos, quando esta mesma competição teve lugar na capital moçambicana, o favoritismo vai claramente para os dois representantes de Angola, cujo basquetebol é reconhecida e largamente superior ao dos outros países da região austral, sendo, aliás, considerado o melhor do continente. Basta recordar, a propósito, que a selecção angolana vem coleccionando títulos africanos há já muitos anos, para além de participações nas maiores provas planetárias, casos dos Jogos Olímpicos e do Campeonato do Mundo.

Para além dos atletas que militam no estrangeiro, a esmagadora maioria dos integrantes da sua selecção provém precisamente do 1º de Agosto e do Petro de Luanda, razão mais que suficiente para dar substância à tese do favoritismo que lhes assiste, restando apenas saber quem dos dois se apurará na qualidade de vencedor deste Grupo “E” da fase de qualificação. Estas formações são fortes rivais e repartem entre si a hegemonia da bola-ao-cesto angolana, mas com os “militares” em melhores condições e mais projecção interna e externa. Aliás, surpreendeu tudo e todos quando, no ano transacto, os “petrolíferos” conquistaram a Taça dos Campeões de África, um cometimento então visto como tendo sido uma grande chamada de atenção para o presunçoso 1º de Agosto.

Em princípio – isto porque o nosso básquete masculino baixou para níveis tremendamente arreliadores – o segundo degrau na escala dos candidatos à qualificação para a fase final pertence a Moçambique e a África do Sul, tendo em conta a curva ascendente dos nossos vizinhos. Sem qualquer menosprezo aos beirenses, superiormente dirigidos pelo jovem técnico José Delfino, é lícito reconhecer que caberá sobretudo ao Ferroviário de Maputo fazer as honras da casa. A turma de Carlos Alberto Niquice (Bitcho), outro jovem treinador a dar cartas, tem aqui uma soberana oportunidade de se mostrar aos olhos do continente, após ter falhado disputar a edição do ano transacto, na RDCongo, devido à tensa situação política que se vivia naquele país.

AS NOSSAS DAMAS!

Maputo, Segunda-Feira, 4 de Junho de 2007:: Notícias

Se é inquestionável a excelente qualidade do básquete angolano em masculinos, em femininos, coloca-se exactamente o mesmo em relação a Moçambique. Com o Ferroviário, entanto que anfitrião, já apurado para a fase final, agendada para Outubro próximo, igualmente em Maputo, a missão de mostrar que efectivamente somos os melhores em relação aos outros países que disputarão a competição cabe ao ISPU e ao Desportivo, duas formações que vão conhecendo magnífica rodagem através do renhido e espectacular Campeonato da Cidade, em que são sérios candidatos ao título.

As “universitárias” acabam de mudar de treinador – saiu Armando Meque e entrou Alexandre Mata ‑ um facto que está a conhecer um efeito positivo e que se espera produza os resultados desejados na prova africana. As jogadoras possuem uma grande experiência internacional, quer através da selecção quer por intermédio do próprio ISPU, que nestes seus poucos anos de existência já marcou presença em duas Taças dos Campeões. Esta temporada, a sua estrela-mor é inegavelmente Ana Flávia Azinheira.

Terceiro classificado no último Campeonato Nacional, o Desportivo disputa a competição continental na qualidade de convidado, numa época em que, surpreendentemente, surgiu em grande, começando por conquistar o Torneio de Abertura. Num time em que abundavam poucas internacionais – Anabela Cossa e Valerdina Manhonga eram as mais sonantes ‑ as “alvi-negras”, depois de terem apostado na experiente Nádia Rodrigues, para o caso concreto do evento em perspectiva, foram buscar duas estrangeiras, ambas postes, a húngara Andrea Hadjune e a argentina Gizela Rebora, esperando-se delas o auxílio necessário para o alcance do seu desiderato.

Com as angolanas, a rivalidade é por demais conhecida. O 1º de Agosto estará entre nós com plumas de pavão, ou não fosse campeão em título, conquistado em Outubro passado, em Libreville, Gabão, na final com o Ferroviário. Vem naturalmente à busca do passaporte para lutar pela renovação. Presente teremos igualmente o Inter de Luanda, que no campeonato interno suplantou as “militares”.