Africa Basquetebol

17 novembro 2006

MOÇAMBIQUE : Nacional - Cardápio de luxo ao jantar


SANTIFICADA sexta-feira, o jantar dos beirenses, esta noite, será seguramente diferente do habitual. Em vários aspectos. Primeiro, o cardápio será verdadeiramente de luxo. Segundo, o local não será nem em casa e nem tão pouco num restaurante.

O jantar de hoje será servido no Pavilhão dos Desportos, no também luxuoso bairro da Ponta Gêa, para onde convergirão as atenções de "todo o mundo- e desde já se calcula demasiado pequeno para tanta gente ávida em ver o que efectivamente irá acontecer. E as razões justificam a ansiedade geral. Trata-se nada mais nada menos das meias-finais do Campeonato Nacional de Basquetebol de Seniores Masculinos, consubstanciadas nos aliciantes e sensacionalmente aguardados embates Ferroviário de Maputo-Académica, a partir das 18.30 horas, e Maxaquene-Ferroviário da Beira, às 20.30 horas, um quarteto de formações susceptíveis, cada qual, de chegar ao pedestal de honra, a avaliar por aquilo que vêm realizando ao longo da prova.
O último qualificado para as meias-finais foi o Ferroviário anfitrião, quarta-feira, no epílogo de uma partida, diante do Costa do Sol, disputada com o credo na boca e somente decidida a escassos segundos do fim. A noite voltou a ser indescritível, com os espectadores a vincarem o seu afecto e carinho à equipa, mesmo nos momentos mais complicados da contenda - que até nem foram poucos -, contribuindo assim decisivamente para o merecido triunfo (64-59) dos "locomotivas". Todavia, como sói dizer-se, no melhor pano cai a nódoa, e esta veio precisamente das bancadas, quando algum sector do público, agindo como autênticos energúmenos, começou a arremessar latas para o rectângulo de jogo, situação que obrigou os árbitros a uma paragem, mas sem consequências gravosas.
A despeito de os "canarinhos" se terem batido com denodo por uma vaga na jornada de hoje, a qualificação do Ferroviário da Beira, para além de por si só ser meritória e ter sido festejada como se da própria conquista do "canecão" se tratasse, tem o cariz de ainda poder emprestar ao evento a paixão do público, que deste modo se vê retardada na competição, contrariando a retórica de apenas os representantes da capital do país conseguirem chegar à esta fase. A formação de José Delfino, embora seja considerada "outsider", tem agora "pernas para andar" e capacidade para discutir em igualdade de circunstâncias o ceptro.
Jogadores como Abel Mubetene, o seu melhor marcador, Nilton Manheira, o irrepreensível André Velasco, Cremildo Matos, Margarido Manhanga, Ossumane Tembo e o próprio treinador José Delfino têm nestas meias-finais uma oportunidade ímpar para mostrar todo o seu saber basquetebolístico e sobretudo que afinal o Chiveve está vivo e à altura de se fazer representar em patamares tão altos.
O adversário é o Maxaquene, um dos sérios candidatos ao título, cujo treinador, Horácio Martins, afirma-se consciente de que chegar à final é uma missão extremamente pesada, pois, neste caso, terá nas quatro linhas uma barreira directa e nas bancadas um opositor muito forte, que em nenhum momento desfalece. São vicissitudes que os "tricolores", particularmente Khaimane, Nandinho, Pitcho, Amarildo, Sete, Luís Cossa, Helmano e companhia, procurarão ultrapassar, depois de o terem feito diante do Desportivo da Beira por 70-52, num dia em que estes foram um autêntico "osso duro de roer", talvez motivados pela presença no banco do seu patrono, Gilberto Correia (Betinho), ausente durante os primeiros dias.
ACADEMIA DE ESPECTÁCULO

Maputo, Sexta-Feira, 17 de Novembro de 2006:: Notícias

Conhecem-se perfeitamente os protagonistas da outra meia-final. Ferroviário foi segundo classificado em Maputo e Académica ocupou a quarta posição. Não resta a menor dúvida que estaremos em presença de um verdadeiro duelo de gigantes, cujo desfecho é imprevisível. Avaliando somente por aquilo que cada esquadrão apresenta, do ponto de vista de sumidades, o favoritismo pode ser atribuído aos "locomotivas", mas importa frisar que na Beira ainda não apresentaram algo transcendental e que realmente possa merecer uma vénia. Mas porque são dos melhores artistas da praça, então temos que esperar tudo de Fifi, Castelo, Beto Macuácua, Gerson, Bruno, Custódio, Magoliço, Beto Matsolo e, por que não, do "sangue" de Carlos Alberto Niquice (Bitcho).
Os "estudantes" de Miguel Guambe já granjearam simpatia no seio dos beirenses.
São apelidados de academia de espectáculo, pelo seu basquetebol romântico, charmoso e envolvente, mas que pode ser fatal se as doses destes adjectivos não forem devidamente cuidados, principalmente quando se está em presença de adversários que privilegiam o espírito matador. Lulú (Luís de Barros), o "anjo voador", destemido e mordaz, é o estratego da equipa, vezeando-se na função de base com o irrequieto João Gundere, sobrando as outras responsabilidades para Trinitá (Jaime Lourenço), Tomás Banze, Ivan Macome e Armando Baptista, num time incansável e que se despediu da primeira fase com um "chapa 100" diante do ISPU de Quelimane (103-55).
Entretanto, destacar o facto de Pastelaria Universal de Inhambane ter igualmente concluído a etapa inicial com uma vitória, ante a Académica do Songo por 55-45. Ontem, realizaram-se os encontros classificatórios, com o Costa do Sol a derrotar Desportivo da Beira pela marca de 74-65, Sports Club de Chimoio vencer Pastelaria Universal por 76-65 e ISPU bater Académica do Songo por 101-62.