Africa Basquetebol

28 agosto 2006

ANGOLA : Kikas revela em Saitama seu maior desejo

Quando acaba de realizar um sonho, ao defrontar grandes "estrelas" do basquetebol mundial, Joaquim Gomes "Kikas" revela que o seu maior desejo é ter um colega com altura acima dos 2,10 metros.

Em entrevista à Angop em Saitama, onde domingo Angola terminou a campanha no mundial, o melhor jogador da selecção nacional afirmou que defrontar jogadores da NBA e de outros campeonatos de alto nível "é como se fosse um sonho a tornar-se realidade".

Quando questionado sobre a sua prestação muito aplaudida pelos presentes em Hiroshima, explicou que se trata de um trabalho que tem feito ao longo dos anos.

"Estar a este nível e jogando contra os melhores jogadores do mundo só vem mostrar as minhas capacidades técnicas e sobretudo agradeço a colaboração dos meus colegas", afirmou o extremo-poste que vai trocar o Eiffel Towers da Holanda provavelmente por uma formação do país. 1º de Agosto ou Petro de Luanda.

Devido as suas exibições, particularmente a marcar Paul Gasol e Dirk Nowitzki, da NBA, adeptos e analistas estão esperançados em ver nascer um novo Jean Jacques (maior referência do basquetebol nacional).

Mas Kikas não aceita esta responsabilidade. "Eu não sou a pessoa ideal para comentar isso. Mas quero dizer que Jean Jacques será sempre o nosso Jean Jacques", sublinhou.

Em relação ao seu momento de forma desportiva, considera boa, mas quer melhorar.

"Poderia ser um pouco melhor, se eu conseguisse cortar pequenos erros, que no final acabam por ser grandes".

Apesar de estar entre os melhores ressaltadores da prova, e reconhecer não ser fácil em face da envergadura dos adversários, ele quer trabalhar para ganhar mais ressaltos.

"Acho que com um pouco mais de empenho, eu poderia fazer mais. Tenho de puxar por mim, de ser ambicioso para mim e para a equipa".

Anunciou com alguma surpresa o regresso provável ao campeonato local, depois de ter passado por universidade americana, Alemanha e agora Holanda. Justifica-se com a intenção de organizar a sua vida.

"O mercado angolano esta evoluir muito em termos financeiros e técnicos, e também o mercado europeu está a mudar muito, e quero organizar um pouco a minha vida em Angola". Mas deixou claro que ainda nada estava decidido. "Vai depender do que vai acontecer nos próximos dias".

"Kikas" Gomes foi o jogador angolano mais procurado pela imprensa presente no palco do mundial. Interrogado se era mais cansativo defender jogadores muito mais altos e pesados ou responder as perguntas de jornalistas, apos um sorriso, respondeu: "E claro que é mais cansativo estar dentro do campo defendendo os gigantes, porque e muito esforço, temos de correr para cima e para baixo".

"Depois do jogo, é o ataque dos jornalistas, que acho uma coisa muito positiva porque eles estão completamente impressionados com as nossas exibições e querendo saber mais de Angola".

Questionavam sobre os mais variados assuntos desde sobre a vida pessoal, seu hobby, como era o basquetebol em Angola, quantos clubes tem o campeonato nacional, como e a vida em Angola, as crianças e a juventude.

Mas a pergunta mais frequente, quase comum em todos era: porque que não há jogadores angolanos na NBA e nos melhores campeonatos da Europa?

Em resposta, disse que apontava como principal factor a falta de apoio e de patrocinadores ou incentivadores.

"Kikas" defende que além do basquetebol deve haver um investimento na sua formação do homem. "Hoje grande parte da juventude já vai a universidade. Então tem de haver um incentivo, apoios para conseguir bolsas de estudo para o estrangeiro.

O que se passa na sua opinião é que os empresários a nível internacional não vão para Angola, mas ao Senegal, Nigéria, Mali e acaba por ser sempre assim. "Hoje no campeonato universitário americano tem inúmeros jogadores nigerianos e senegaleses. Na Europa, principalmente em Franca e Portugal, há muitos jogadores africanos, mas angolanos não se vê. E eu pergunto porque não?" A sua tarefa de defender jogadores com uma altura muito superior levou-o a fazer uma revelação, quando questionado a importância de um jogador com mais de 2,10 m no plantel, onde o mais alto e Abdel com 2.04.

"De momento é o que mais quero porque acho que o mundo já teve a oportunidade de ver que não existe muita diferença entre nos e estes atletas espanhois, alemães e outros em termos de talento e da forma como se apresentam em campo. Mas o que falta mesmo é a capacidade física, peso, altura.

Citou como exemplo os números equilibrados em ressaltos conseguidos nos jogos contra Espanha e Alemanha.

"Pelos números podemos ver que não existem grandes diferenças entre nós e eles. Portanto, ajudar-nos-ia bastante um jogador acima de 2,10, seria muito bem vindo. É preciso começar a olhar mais para este aspecto".

Lembrou entretanto que esta media de altura foi sempre a da selecção de Angola ao longo dos anos e continua a ganhar assim.

"Vamos continuar a trabalhar, para que não percamos esta tradição. Mas é claro que com jogadores mais altos seria muito mais fácil.

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