Africa Basquetebol

14 outubro 2015

CABO VERDE : Árbitro internacional Paulo “Ribú” Martinho: “Cabo Verde precisa implementar a regra dos 14 segundos”


Árbitro internacional Paulo “Ribú” Martinho: “Cabo Verde precisa implementar a regra dos 14 segundos”

As associações de basquetebol precisam adoptar a regra dos “14 segundos” nos campeonatos regionais, sob pena de prejudicarem a performance dos jogadores locais nas provas de carácter internacional. Quem avisa é o árbitro internacional Paulo “Ribú” Martinho, o juiz cabo-verdiano com mais palmarés em competições africanas e o único presente na fase final do Afrobasket-2015, na Tunísia.

“A regra dos 14 segundos diz que se a bola bate no aro ou na tabela após um tiro ao cesto, e há um ressalto ofensivo, a equipa passa a dispor de apenas catorze segundos para efectuar um novo ataque e não 24 segundos, como era antes”, explica o juiz. Para Martinho, esta inovação faz muita diferença no sistema de ataque, pelo que as equipas precisam treinar as suas estratégias ofensivas tendo em conta esse pormenor.
“Essa regra obriga à aquisição de um aparelho electrónico, que contabiliza os 14 segundos. Esse equipamento é vendido na Europa e custa cerca de cinquenta contos”, informa Paulo Martinho, realçando que o objectivo dessa adaptação é tornar os jogos mais rápidos e atractivos.
Aplicar essa regra implica investir no equipamento, mas também formar árbitros e oficiais de mesa. Para Martinho, aqui reside o busílis da questão. “Se há associações que nem sequer têm um placar electrónico, pior ainda será conseguir esse aparelho”, comenta o juiz, para quem esse aspecto tem de ser equacionado, se Cabo Verde quer melhorar a sua performance na modalidade. Segundo Martinho, Cabo Verde não é o único país africano com dificuldades em implementar a regra dos 14 segundos, pelos custos que acarreta. E, a seu ver, a nossa sorte é que a selecção é composta essencialmente por atletas que competem na Europa e Estados Unidos e acompanham, por isso, as inovações.
Considerado o árbitro cabo-verdiano no activo com mais experiência internacional, Paulo Martinho quer repassar os seus conhecimentos aos colegas das regiões desportivas mais carentes. Para tal, preparou um plano de formação de árbitros e professores de Educação Física, que submeteu ao crivo da Direcção-Geral dos Desportos e do Coordenador Geral dos Desportos. “Muitas associações regionais não têm árbitros à altura, o que provoca problemas nas provas nacionais. Quero ajudar a equilibrar a balança, criar um corpo coeso de árbitros, a nível nacional”, explica Paulo Martinho, que quer começar a deslocar-se às diversas ilhas já neste mês de Outubro. Assim terá tempo para preparar um grupo capaz de arbitrar as partidas regionais já no decurso desta nova época desportiva.
Único juiz cabo-verdiano presente na fase final do Afrobasket-2015, Martinho já contabiliza sete presenças nessa grande competição do continente africano. De 2005 a esta parte, foi chamado para ajuizar jogos de apuramento em diversos países, como Nigéria, Angola, Argélia, Senegal, Moçambique, Tunísia e Costa do Marfim. Neste momento faz parte de um grupo selecto de 22 juízes africanos qualificados para arbitrar as principais provas continentais e o seu sonho é apitar uma grande final do Afrobasket. “Seria um prémio super especial”, reconhece Martinho, que tenciona encerrar a sua carreira internacional em 2019, ano da próxima edição do Afrobasket.