MOÇAMBIQUE : LIGA NACIONAL DE BASQUETEBOL: Confirmada hegemonia “locomotiva”
A
SEXTA edição da Liga Nacional de Basquetebol não foi nada mais que a
confirmação da hegemonia da família “locomotiva”, nomeadamente os
Ferroviários da Beira e de Maputo, ao nível de seniores masculinos.
Não
há sombras de dúvidas quanto ao excelente desempenho do Ferroviário da
Beira, consubstanciado na revalidação do título no duelo diante do seu
homónimo de Maputo na noite de domingo no Pavilhão do Maxaquene.
Os
“locomotivas” beirenses venceram o “play-off” de desempate por 71-62.
Isto porque prevalecia igualdade em virtude de os beirenses terem ganho o
primeiro “play-off”, por 73-58, e sido derrotados no segundo, por
74-61.
A
verdade manda dizer que este campeonato trouxe à ribalta, para além da
confirmação da superioridade dos ferroviários, a revelação de novos
talentos e a promessa de um basquetebol cujo nível competitivo tende a
subir. Há que acreditar no basquetebol sénior masculino e na construção
de uma selecção que tenha os mesmos apoios que são alocados à selecção
feminina, com a crença de que é possível lograr sucessos com os talentos
que desfilaram no campeonato ora findo.
Esta
nota de abertura foi feita propositadamente para dar eco ao que
acabámos de acompanhar durante sensivelmente duas semanas de disputa da
edição 2013/2014 da Liga Nacional de Basquetebol, conquistada
merecidamente pelos “locomotivas” da Beira, que, por essa via, têm
direito a participar na Liga dos Clubes Africanos.
Para
lograr os seus objectivos, os beirenses tiveram que “recrutar”
especificamente para esta prova dois norte-americanos, nomeadamente o
poste Jeffrey Fahnbuller, destacado MVP do campeonato, e o base Kejuan
Johnson, que deram mais-valia à equipa. O Ferroviário da Beira poderá
contar com estas duas estrelas nas missões internacionais, devido a
limitações no seu plantel.
FINAL DE GRANDES EMOÇÕES
A
presença dos Ferroviários da Beira e de Maputo na final transportava
por si grandes expectativas, em virtude das boas exibições demonstradas
pelas duas equipas e o percurso retumbante destas desde a fase regular.
Porém,
os “locomotivas” da capital tiveram maior evidência ao vencerem o
confronto directo com o seu homónimo da Beira e pelo facto de não terem
perdido nenhum jogo, dominando por completo a fase regular. Este feito
conferiu-lhes o estatuto de principais candidatos ao título, o que ficou
mais esclarecido com a sua transição para as meias-finais, com a
vitória sobre o Costa do Sol – quarto apurado da fase regular -, por
81-72, enquanto o Ferroviário da Beira, que ficou em segundo lugar,
eliminava o Desportivo – terceiro classificado, por 73-58.
Contudo,
foi o Ferroviário da Beira a equipa mais equilibrada e eficaz em termos
técnico-tácticos e ficou mais fortalecido pela forte capacidade
colectiva aliada à qualidade individual, factos que determinaram a
diferença na forma de estar dos beirenses. Octávio Magoliço, Armando
Baptista e o “super”-talentoso Ismael Nurmamad, o mais novo do
cinco-base, deram a lição de bem saber jogar e a presença dos
norte-americanos foi algo acrescido à qualidade competitiva demonstrada
na final, disputada a melhor de três “play-offs”.
Aliás,
com limitações no plantel, o espanhol Luís Hernandez usou praticamente o
mesmo cinco, que se diga em abono da verdade soube vencer a carga
física e em certos casos alguns dos seus jogadores jogaram
condicionados, casos do “capitão” Armando Baptista, lesionado no
“play-off” decisivo.
O
Ferroviário da capital do país, por seu turno, teve mérito pelo seu
conjunto, mas pecou muito ao nível disciplinar, dada a uma certa
desconcentração e nervosismo, quando se lhe impunha muita frieza perante
um adversário física, técnica e tacticamente muito forte. E foi numa
noite de pouca clarividência para o Ferroviário de Maputo, num jogo em
que os beirenses souberam fechar os caminhos para a sua zona, com forte
pressão sobre o adversário, quando este estivesse na posse da bola, o
que culminou com falhas na prossecução do jogo dos “locomotivas” da
capital. Nem os seus jogadores mais preponderantes, designadamente o
capitão Custódio Muchate e Edson Monjane, souberam chamar a si a
responsabilidade de puxar a equipa, num dia em que tanto os irmãos
Ermelindo e Orlando Novela, bem como Luís Barros e Francisco Macaringue,
jovens promessas dos “locomotivas” maputenses, tiveram a mesma
inspiração que os notabilizou ao longo do campeonato.
O
Ferroviário de Maputo perdia assim o cobiçado título depois do feito
conseguido em 2011, portanto uma época antes dos “locomotivas”
beirenses.
SALVADOR NHANTUMB
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