Africa Basquetebol

09 fevereiro 2013

MOÇAMBIQUE : “NACIONAL” DE BÁSQUETE – SÉNIOR FEMININOS: Liga bicampeã nacional


A LIGA Muçulmana sagrou-se, na noite de ontem, campeã nacional de basquetebol em seniores femininos ao vencer A Politécnica, por 79-46, em jogo da sétima e última jornada.
A Liga revalida, desta forma, o título, visto que no ano passado havia cometido igual proeza, com um triunfo sobre o mesmo adversário. O jogo era decisivo para ambas as equipa, que partiam para este desafio em igualdade pontual (dez pontos) fruto de cinco vitórias em igual número de jogos disputados.
O primeiro período foi disputado de forma electrizante com os dois conjuntos a baterem-se de igual para igual. Em muitos momentos o marcador apontava para uma igualdade, dado o nível equitativo das duas colectividades. A Politécnica chegou a estar perto de terminar o primeiro em vantagem no marcador pois a quatro segundo do fim vencia, por 14-12, um momento de magia de Deolinda Ngulela fez com que a Liga terminasse em vantagem, 15-14. A base converteu um lançamento livre do meio campo, colocando as dezenas de adeptos que assistiam ao jogo, no pavilhão do Desportivo, estupefactas.
Galvanizadas pelo lance genial de Deolinda, a Liga cresceu tacticamente e tecnicamente, conseguiu impor o seu a que as universitárias não foram mais capazes de acompanhar. A vantagem de 13 pontos (38-25) com que saíram para o intervalo elucida perfeitamente a mudança de atitude das comandas de Nazir Salé e a quebra física e até psicológica das pupilas de Hélio de Sousa.O facto da Liga ter jogadoras de maior quilate técnico e competitivo, começava a fazer-se sentir a medida que o jogo decorria. O terceiro período foi um autêntico descalabro para o conjunto da A Politécnica. Domadas pelo cansaço já não tinham o discernimento necessário para saírem para o ataque de forma organizada. Muitos passes falhados e perdidas incríveis para pontuarem. Sem qualquer piedade, a turma “muçulmana” ia aproveitando cada erro pontuando e consequentemente avolumando o marcador. Leia Dongue e Deolinda Ngulela portavam-se como verdadeiras quebra-cabeças para o bloqueio contrário.Diga-se em abono da verdade, que o quarto e último período foi disputado, com baixo nível de interesse, visto que a Liga saiu a ganhar, no terceiro, por 57-33, uma vantagem de 24 pontos, que não sendo algo irrecuperável em basquete, neste despique podia-se afirmar em viva voz, que as “muçulmanas” podiam já encomendar às faixas de campeãs dado a superioridade exercida sobre as universitárias.Assim, os últimos dez minutos da contenda, serviram apenas para confirmar o bicampeonato da da Liga. O técnico da A Politécnica ainda tentou mexer na sua equipa, mas não sortiu efeito. A diferença assentava, em grande medida, pela qualidade das jogadoras, porque quando Hélio de Sousa fez descansar as suas melhoras jogadoras, como é o caso de Ana Flávia Azinheira, viu a sua equipa cair de rendimento, enquanto que Nazir Salé mexia na equipa, fazendo entrar basquetistas, que habitualmente não integram o cinco inicial, o rendimento da equipa crescia ainda mais. A título de exemplo, na última etapa da partida, o “show” foi dado por Elisabeth Pereira, uma jogadora que saltou do banco, e acertou três lançamentos triplos em tantas outras tentativas. Com jogadoras dessas fica mais fácil ser campeã, pois a sua entrada ofereceu mais confiança a equipa que em fracções de segundo “disparou” para uma vantagem de mais de trinta pontos. Foi nessa faixa pontual com que terminou o encontro, 33 pontos, e podia ser por mais.A Liga arrebatou o segundo título nacional de forma convincente e voltará a representar o país nas Taça dos Clubes Campeões Africanos. FICHA TÉCNICAARBITRAGEM: Carla Pena, Beatriz Marques e Narcisa Inácio.LIGA MUÇULMANA: Deolinda Ngulela, Odélia Mafanela, Anabela Cossa, Katia Halar e Leia Dongue.A POLITÉCNICA: Delfina Castro, Tânia Wachene, Eduarda Chongo e Ana Flávia Azinheira
  • IVO TAVARES

Nazir Salé
Nazir Salé

Fomos superiores - Nazir Salé, treinador da Liga Muçulmana

NO final do jogo, Nazir Salé era um homem visivelmente satisfeito e enalteceu o espírito de luta e entrega das suas jogadoras como o segredo para mais uma conquista da Liga Muçulmana. “Dou os parabéns as minhas jogadoras pelo empenho demonstrado ao longo de todo o jogo. Foram grandes profissionais, souberam manter um bom ritmo ao longo da partida e foram coroados com uma grande vitória”.
Afirma que este triunfo não acontece por acaso, sublinha o árduo trabalho que as suas jogadoras realizam nos treinos e o trabalho contínuo a nível dos processos de jogo como os alicerces para manter a Liga ao mais alto nível. “Trabalhámos muito nos treinos. Treinamos arduamente para sermos cada vez melhores no que fazemos. Somos rigorosos, exigimos de nós mesmos, de modo a que sejamos mais precisos durante os jogos. Hoje (ontem) foi o que se viu, fomos mais equipa e ganhamos com toda a justiça”.

Hélio de Sousa
Hélio de Sousa

A Liga tem vantagem - Hélio de Sousa, treinador da A Politécnica

“OS processos defensivos da Liga são melhores que os nossos. Mas é preciso realçar que tem melhor ritmo competitivo, porque as jogadoras fazem parte da Selecção Nacional e isso confere-lhe uma certa vantagem”, Hélio de Sousa, treinador da A Politécnica.
Sem querer tirar mérito a superioridade da Liga, Hélio sublinhou para a necessidade de se encontrar um equilíbrio entre todas as equipas para que haja mais competitividade. “Durante a preparação para o Torneio de Ankara (qualificação para os Jogos Olímpicos), eu tinha oito jogadoras que acabaram não integrando a convocatória final, e as jogadoras da Liga foram para o torneio. Nesse período estive seis meses sem trabalhar com as minhas jogadoras e quando é assim fica difícil atingirmos os processos de jogo que pretendemos”.

Deolinda a MVP

DEOLINDA Ngulela foi eleita a Jogadora Mais Valiosa (MVP) do “Nacional” de básquete sénior feminino. A exibição rubricada, ontem, frente A Politécnica, convenceu aos júris, de que base da Liga Muçulmana é nos tempos que correm a melhor na modalidade no país.
Com 19 pontos e várias assistências, Deolinda contribuiu grandemente para que a sua equipa voltasse a conquistar o título mais cobiçado do país. A basquetista, como lhe é peculiar, jogou e fez jogar, arrancado inúmeros aplausos do público que acorreu em bom número ao pavilhão do Desportivo.
Apesar de já estar na casa dos trinta anos, ainda vai dando um gosto enorme ver Deolinda jogar, porque apesar de ter um vasto percurso pelo básquete nacional, como uma passagem pelo básquete norte-americano, as vezes parece uma debutante, é como estivesse a dar os primeiros, a julgar pela frescura que demonstra a cada lance.
No rôl dos prémios individuais, Odélia Mafanela e Leia Dongue, também jogadoras da Liga, foram coroadas com o troféu de melhor ressaltadora e marcadora, respectivamente.