ANGOLA : Promade sente-se prejudicado no Campeonato Nacional de Basquetebol

A formação de basquetebol do Promade de Cabinda, orientada por José Carlos Guimarães, queixa-se da ausência de jogos, o que tem estado a prejudicar bastante naquilo que foi traçado como objectivo para o presente campeonato nacional, ou seja, o melhoramento do quarto lugar alcançado no ano passado. Segundo Guimarães, a equipa tem sido a mais prejudicada na competição, pois os seus adversários dificilmente se deslocam a Cabinda para a realização dos jogos, o que desmotiva os atletas, técnicos e a população local. .

Textos: Joaquim Suami, em Cabinda

A formação de basquetebol do Promade de Cabinda, orientada por José Carlos Guimarães, que representa a província no campeonato nacional seniores masculino de “bola ao cesto”, almeja atingir os três primeiros lugares da presente edição da prova e assim melhorar a quarta posição alcançada na época transacta, em que realizou um feito inédito, que lhe garantiu o apuramento para a segunda fase “a melhor de quatro jogos”.
De acordo com o técnico José Guimarães, a sua formação tem estado a trabalhar arduamente para concretizar os objectivos traçados para a presente edição do campeonato nacional, que se consubstanciam em colocar a equipa nos lugares cimeiros da competição. Guimarães realçou que, para tal, a equipa tem estado a treinar com grande dedicação. “O Promade está bem.
Estamos a treinar com muita vontade, visando os nossos compromissos no Campeonato Nacional de Basquetebol Seniores Masculinos.
Estamos cientes das responsabilidades que temos pela frente, ao longo da competição, bem como dos jogos, estes que nos têm sido bastante difíceis”, disse, acrescentado que a formação que dirige estará um mês sem jogar, acrescido do facto de ter feito apenas quatro partidas até ao momento, o que tem estado a prejudicar bastante o conjunto das terras do Maiombe. “Somos a equipa que menos jogos fez neste campeonato.
Os nossos adversários não vieram jogar em Cabinda, remarcaram os jogos.
Não sabemos o motivo, nem da parte da federação nem dos clubes.
As justificações devem ser escritas e não verbais. Isto torna a situação difícil, por melhor trabalho que façamos e por bons jogadores que tenhamos na equipa”, referiu. Segundo José Carlos Guimarães, o Promade tem sido claramente prejudicado no campeonato nacional. “Não sabemos se é de propósito, mas temos sido a agremiação mais prejudicada.
Apesar disso, vamos continuar a jogar, com a mesma determinação, com todos os adversários durante o campeonato, cientes de que os clubes que estão na prova estão mais fortes e têm tido mais rodagens que nós”, argumentou.
Durante o período de treinos, a formação cabindense tem estado a trabalhar os mais variados aspectos, ligados à modalidade, pois Zé Carlos tem noção de como se apresentam as equipas que estão na prova.
O objecto principal é impedir lançamentos, fechar as linhas de passe, impedindo que a bola chegue aos postes.
“Não temos estado a competir muito por não estarmos na província de Luanda, onde poderíamos fazer alguns jogos de controlo. Temos estado a treinar entre nós, pondo a equipa a jogar em profundidade para que os jogadores não ressintam o facto de não estarmos a realizar jogos. Lamento dizer isso, mas tem sido triste. Enfim, é a realidade do nosso basquetebol”, desabafa.
“Equipas devem apostar no produto local”

O técnico José Carlos Guimarães mostrou-se preocupado com o facto de a maior parte dos clubes que evoluem no campeonato nacional estarem a apostar mais em jogadores estrangeiros, em detrimento dos nacionais.
Segundo ele, o basquetebol angolano não está num bom caminho por isso mesmo.
“Acho bom que os clubes contratem estrangeiros caso possam condições para o fazerem, mas em termos de política de desenvolvimento desportivo, devem trabalhar mais os nossos jovens, por forma a salvaguardar o crescimento do basquetebol em Angola.
As equipas devem apostar no produto nacional”, vaticina. Referiu que o Promade está a desenvolver um excelente trabalho, que visa desenvolver o basquetebol em Angola e que o conjunto cabindense é uma agremiação muito jovem, possuindo uma média de idade de 22 e 23 anos, o que representa um grande futuro para o basquetebol na região.
“Muitas vezes é difícil jogar com equipas que não trabalham como deve ser e como esses clubes têm capacidade financeira para contratar jogadores estrangeiros escondem essa insuficiência.
Apesar de a lei permitir, acho que na próxima época deve existir um estrangeiro a jogar em campo, pois, com os presentes moldes, estaremos a preparar jogadores de outros países em detrimento dos nossos”, explica.

Projecto recebe mais jovens

O Promade é um projecto que visa massificar a modalidade de basquetebol no seio das crianças locais, enquadrado no programa do Governo da Província de Cabinda para o desenvolvimento do desporto. O mesmo inscreveu, no final do ano transacto, mais jovens para aprenderem o “ABC” da modalidade.
De acordo com o coordenador José Guimarães, neste momento o Promade conta com mil e 400 crianças a aprender a modalidade, com o objectivo de garantir o futuro da mesma na região. Referiu que 150 crianças foram inscritas no município do Buco-Zau, onde se iniciará o trabalho de massificação, depois da inauguração do campo municipal.
“O número de crianças aumentou e vai aumentar ainda mais.
No município do Buco-Zau inscrevemos cento e cinquenta crianças, que brevemente iniciarão os trabalhos.
A nossa acção tem sido bastante positiva.
Temos obtido bons resultados nos campeonatos das camadas jovens em que participamos, como é o caso do “Nacional” de Cadetes, em que só perdemos com o actual campeão nacional”, referiu.
O nosso interlocutor, adiantou que setenta por cento dos atletas que vão participar no campeonato nacional júnior, que a província da Huíla vai acolher, foram formados pelo Promade e têm a obrigação de tudo fazer para ter uma boa prestação durante a competição e assim repetir os êxitos que têm vindo a alcançar em campeonatos escolares.
“As formações angolanas deveriam apostar seriamente na formação das camadas jovens como estamos a fazer no Promade.
É preciso haver uma política desportiva que obrigue os clubes a trabalharem mais na formação das camadas jovens”, avança.
Outras disciplinas seguem as peugadas

José Carlos Guimarães avança que grande parte das modalidades praticadas em Cabinda está a se desenvolver. Fruto do empenho dos agentes desportivos locais, a formação do Sporting de Cabinda sagrou-se campeã nacional de futebol em juniores, o que significa que se todos na província estiverem organizados e tiverem o mesmo pensamento, Cabinda será um dos maiores pólos de desenvolvimento do desporto de Angola.
“Temos campos suficientes. Se alguma equipa de outra província quiser fazer estágios aqui, estamos em condições em termos de infra-estruturas desportivas.
Dentro de um mês e meio vamos inaugurar um campo de basquetebol em Buco-Zau e outro no município de Belize. Temos mais dois acabados na cidade de Cabinda.
O que o Governo tem vindo a fazer é de louvar, pois não existe outras cidades de Angola com infra-estruturas desportivas como a de Cabinda”, referiu.
Modalidade em notório crescimento

É notório o interesse de muitos jovens na prática do basquetebol, o que tem permitido maior motivação entre os atletas locais inseridos no projecto Promade.
Segundo o coordenador, tem existido muita motivação por parte dos jovens da região em aprenderem o “ABC” da modalidade, muito pelo apoio que o projecto tem estado a beneficiar na totalidade do Governo da Província de Cabinda.
“Já se nota boa aderência de jovens em aprenderem o basquetebol e a motivação é maior. Estamos a explorar ao máximo os campos que temos, por isso, temos de colocar no projecto mais treinadores, pois cada dia que passa, temos vindo a assistir muita adesão de jovens em quererem aprender a modalidade. Isto também se deve ao apoios que temos recebido na totalidade do Governo da Província de Cabinda, o que tem nos permitido cumprir com as orientações das autoridades locais, sobretudo, do governador José Aníbal Rocha”, disse.
Para aquele dirigente desportivo, a província de Cabinda tem sido um exemplo no país no que tange à formação de novos talentos na modalidade de basquetebol.